terça-feira, 29 de dezembro de 2015

PADRÕES, DECODERS, MONTAGENS, CVs - O QUE ELES PODEM FAZER POR NÓS OU O QUE PODEMOS FAZER COM ELES - Parte 01

Olá Amigos!

O sistema DCC já está disseminado no nosso meio. Ninguém mais deixa de ter pelo menos uma locomotiva equipada com o sistema, ou não esteja planejando comprar uma e poder aproveitar das facilidades que o sistema diz proporcionar. Mas nem sempre foi assim e para entendermos o que temos hoje, temos que entender o que aconteceu antes e vermos como as coisas chegaram até como estão agora.
Inicialmente, podiam-se controlar trens miniaturas em um trilho, variando-se a tensão e a polaridade da linha onde estava o trem. Pode parecer que isso era à vontade, mas desde o início alguma padronização sempre foi requerida e, do mesmo jeirto que no continente europeu, nos EUA, uma associação denominada National Model Railroad Association (NMRA) já pensava em colocar certa ordem nas coisas, acordando, entre fabricantes e Ferromodelistas, regras obrigatórias e recomendáveis, pois se não falarmos a mesma língua, ninguém vai se entender. Com produtos seguindo regras pré-estabelecidas de antemão, a compatibilidade fica assegurada e produtos que seguem essas regras são mais aceitos pelos Ferromodelistas.

Um exemplo disso e que ninguém pensa que existe, diz respeito a como se move uma locomotiva em escala em relação ao trilho. Ninguém, conscientemente, nunca pensa nisso, mas ao comprarmos uma locomotiva nova e ao colocarmos ela na linha para o primeiro teste de funcionamento, ela vai se mover, ou deveria sempre se mover da mesma maneira que nossas locomotivas mais antigas, ou até mesmo, iguais a outras locomotivas que ainda vamos comprar. Não seria difícil que cada locomotiva que comprássemos andasse em uma direção aleatória, se já não houvesse uma padronização a esse respeito. A norma (que eventualmente, ninguém pensa que existe) diz que se o trilho da direita for positivo em relação o trilho da esquerda, a locomotiva deve se mover para frente e se for o contrário, ela deve se movimentar para trás. 

Na figura acima, podemos ver o arranjo que permite que todas a nossas locomotivas sempre andem na mesma direção quando postas em uma linha. O fio positivo do controlador deve ser ligado ao trilho da direita em relação a Locomotiva e o outro polo, consequentemente ao trilho da esquerda. Nas fábricas, as locomotivas são montadas sob domínio dessa regra e sempre (ou quase sempre) saem de lá funcionando desse modo. Se ao testarmos uma locomotiva observarmos que ela anda ao contrário, basta inverter os fios do motor ou então invertermos os fios de captação de energia dos trilhos.
Será que alguém pensa que isso é sorte? Não, Não é! Isso é uma padronização que ninguém pensa que existe, mas ela existe, do mesmo modo que quando aumentamos a tensão da linha, ela anda mais rápido e quando diminuímos ela move-se mais devagar. Tudo está estabelecido de antemão, não é sorte.
Trens reais andam em uma mesma linha ao mesmo tempo e sempre foi sonho de todos nós, podermos operar mais de uma locomotiva ou trem numa mesma linha em nossas maquetes e então se criou toda uma gama de recursos elétricos e eletrônicos para que isso funcionasse.
Um desses recursos é denominado de Cab/Block Control (Controle por Cabine ou Controle por Blocos).  O que é isso? Inicialmente dividiu-se a maquete em blocos isolados eletricamente e cada um desses blocos é controlado por um controlador independente. Por meio de chaveamento elétrico/eletrônico, o comando de determinado bloco ocupado por uma locomotiva é passado de um controlador/operador para outro e assim pode-se até mesmo fazer-se a ultrapassagem entre dois trens em um pátio, onde uma linha está ligada a um controlador e a outra linha a outro controlador, independentes um do outro. Para uma maquete pequena com dois trens funcionando ao mesmo tempo isso é relativamente fácil de fazer, mas em uma maquete de grandes dimensões e várias locomotivas/operadores, trabalhando juntos, isso se tornava uma tarefa árdua, portanto essa possibilidade não pode ser de todo aproveitada, pois é muito difícil operar uma ferrovia no sistema analógico de maneira plena, a não ser que fosse possível colocarmos um controlador de velocidade dentro de cada uma de nossas locomotivas e pudéssemos ter mãos minúsculas que pudessem operar seus controles pelo lado de fora delas.
No exemplo acima, uma maquete simples dividida em dois blocos. No momento, a linha vermelha (bloco 01) é controlada pelo Controlador 01 e a linha azul (bloco 02) é controlada pelo Controlador 02. O trem da UP, sai de seu pátio e inicia sua viagem até o próximo pátio onde ele deverá aguardar a liberação da linha. Enquanto isso o trem da Burlington, em sentido contrário sai de seu pátio e prossegue até o próximo pátio.
Nesse momento, o Controle de Tráfego (CCO) fará a liberação das linhas do bloco 02 para serem operadas pelo controlador 1 e, se assim for o caso, poderá liberar também o bloco 01 para ser operado pelo controlador 02. Desse jeito, os dois trens darão prosseguimento às suas viagens, até novo encontro em um próximo pátio.
O desenho simplificado não mostra o possível chaveamento que permitiria, por exemplo, que o trem da Burlington pudesse ficar estacionado no pátio, enquanto o trem da UP, continua sua viagem, ou vice-versa.
A miniaturização da eletrônica resolveu uma parte desse problema e a informática ou informatização da eletrônica, resolveu a outra parte.
Ainda era a década de 80 quando um colega meu, também interessado em Ferromodelismo e que trabalhava na mesma sessão que eu, antes de eu mudar de função e alguns tempo depois me aposentar, criou um circuito eletrônico que podia controlar uma locomotiva de um modo diferente da maneira normal que estávamos acostumados. O circuito seria montado dentro da locomotiva e os comandos seriam transmitidos a ela por infravermelho, como num controle remoto de televisão. Um ou vários dispositivos transmissores de infravermelho seriam colocados no alto, no centro da maquete e estes enviariam comandos sem fio a dispositivos receptores de infravermelho, colocados no teto das locomotivas e esses comandos controlariam as locomotivas. O problema mais sério encontrado foi diminuir o tamanho dos componentes eletrônicos e colocar esse circuito dentro das locomotivas em escala HO. Os circuitos de recepção e decodificação desses comandos ainda tinham alguma possibilidade de serem miniaturizados (com componentes da época) a ponto de poder serem acondicionados nas locomotivas, mas a parte de potência, que manipulariam as correntes elétricas necessárias para fazer funcionar os motores das locomotivas, ainda eram muito grandes e não caberiam. O jeito era esperar que a miniaturização dos componentes se completasse e nesse meio tempo já começaram a surgir no exterior, os primeiros ensaios dos sistemas DCC com possibilidades de se tornarem o que são nos dias de hoje.
Podemos dizer que o sistema digital coloca o controlador e o operador dentro da cabine da locomotiva e agora, não só controla o motor, mas também as luzes, os sons e outras coisas que antigamente, no sistema analógico, seriam bem mais difíceis.
Novamente, isso não poderia ser deixado para que cada um fizesse o seu sistema e que a concorrência entre eles decidisse quem sairia ganhando. Numa situação dessas todos perdem e nós, os usuários finais, é quem pagamos pelos prejuízos que os fabricantes têm inicialmente, até que eles se entendam e criem um sistema compatível entre eles e que todos possam usar sem medo de incompatibilidades.
Entra em cena novamente a NMRA, juntando todos os interessados no assunto e criam um padrão de comunicação entre os que vão construir e os que vão usar os produtos construídos por eles.
Ao comprarmos um decoder de qualquer fabricante, se ele for homologado pela NMRA para o mercado americano, ele virá com determinados aspectos e características que nos permitirão usá-lo com em qualquer locomotiva que também seja homologada para o mercado americano. Suas dimensões terão que ser tal que permita ser introduzido dentro de uma carcaça de locomotiva. De que adianta um decoder que não caiba dentro de uma locomotiva como aquele que o meu colega projetou na década de 80?
Outra característica que encontraremos são as ligações ao mundo externo ao decoder. Podemos encontrar decoders com basicamente três tipos de aparência externa.
1- Decoder que eu chamo de Plug & Play.
Decoders que se adaptam diretamente a um fabricante de material de Ferromodelismo.

O estilo de montagem deste decoder se adapta perfeitamente a locomotivas Atlas, como as RS-1, RS-3 e outros modelos, já que as duas aberturas no centro da placa adaptam-se perfeitamente a um suporte que existe nos modelos mais tradicionais desse fabricante, mas não quer dizer que só possam ser usados com esse ele.
Recentemente usei um decoder com esse estilo para colocar som em minha Athearn C 44-9 (C&NW) que mostrei em postagem anterior tendo sido transformada em DCC a partir de uma locomotiva DC. (Ver postagem de 25/03/2015).
Em primeiro lugar, notem a seta e a inscrição FWD no canto superior direito da foto. isso indica que o decoder deve ser montado com esse lado direcionado para a frente da locomotiva. Com isso, os terminais ficarão orientados para os pontos importantes de conexão da locomotiva. Os dois terminais centrais do decoder (M+ e M-) estarão perto dos fios de ligação do motor, os quatro terminais das extremidades (direita e esquerda) já estarão direcionados para a ligação dos fios que vêm dos truques e direcionados respectivamente para os faróis dianteiros e traseiros. Na parte de baixo da foto, mais ou menos no centro da placa, temos da esquerda para a direita, um terminal que fornece 1,5V para ligação de lâmpadas tipo grão de arroz (de baixa tensão), em seguida os terminais para as funções F6 e F5 (normalmente associadas a efeitos de luz), e mais adiante os dois terminais para ligação do auto falante, no caso de ser um decoder de som. No centro da placa, a esquerda temos dois pontos de solda para a ligação de um capacitor que, em decoders de som, ajuda a evitar que maus contatos nos trilhos façam o som da locomotiva deixar de funcionar, por falta intermitente de energia. Normalmente esse capacitor é suficiente quando os trilhos e rodas da locomotiva estão bem limpos e existe uma boa condução entre os trilhos e os rodeiros.

2-Decoders com "arreios" e plug NMRA de oito pinos.
Nesse tipo de montagem o decoder vem equipado com um plug de 8 pinos padronizado pela NMRA.
Esse tipo de montagem atende aos fabricantes de modelos DCC Ready que já vêm equipados com o plug NMRA de oito pinos (fêmea) na sua placa de circuitos interna. Normalmente essas locomotivas vêm com uma pequena placa de circuito impresso, onde circuitos fazen as ligações necessárias para os faróis dianteiros e traseiros para operação ainda no sistema analógico (DC). Em alguns casos os diodos e resistores necessários a isso, estão na própria placa de circuitos internas e no plug vêm pequenos "jumps" que devem ser retirados para a conexão do plug do decoder.  A conversão é bastante simplificada pois basta retirar o circuito, ou estes "jumps" e ligar o decoder que a locomotiva já estará convertida. Ainda será necessário ajustar os CVs como endereço, aceleração, etc, mas a locomotiva funcionará plenamente com os parâmetros de fábrica, principalmente o endereço padrão Nº 03.

O conector de oito pinos usa a seguinte disposição:
1- Laranja - Motor (positivo)
2- Amarelo - Farol Traseiro
3- Nota 01
4- Preto (trilho esquerdo)
5- Cinza - Motor (negativo)
6- Branco - Farol Dianateiro
7- Azul - Alimentação de acessórios (positivo)
8- Vermelho (trilho direito)
Nota 01 - Esse tipo de conector permite opcionalmente o uso de uma conexão para uma ligação de uma função de controle de acessório (Fx). Alguns fabricantes não planejam essa conexão em seus modelos, como por exemplo a BLI. Locomotivas da BLI que recebem decoders com esse tipo de conector, têm ressalvas quanto a essa instalação. Veja o manual da locomotiva para saber se o fabricante desse decoder é permitido na instalação e, se sim, que modificações precisam ser feitas, se necessário. Na BLI, o manual manda que se o decoder for fabricado pela Lenz, é necessário cortar o fio conectado ao terminal 3 (verde).



Visto de topo com os pinos voltados para baixo


Notem que além dos fios ligados ao plug, existem mais dois fios soltos na foto. Esses fios correspondem às saídas para F5 e F6 (verde e roxo) e sua utilização deve ser feita de acordo com instruções contidas no manual que acompanha o decoder, ou um manual do fabricante que explique como fazê-lo.
3- Decoders com "arreios", mas sem o plug NMRA de oito pinos.
Nesse tipo de montagem os fios ligados ao decoder não são ligados a nenhum plug e servem para adaptações mais genéricas de locomotivas que ainda não estavam na condição DCC Ready.


O decoder da foto acima apresenta um tipo de montagem que se adapta a qualquer modificação que queiramos fazer em locomotivas analógicas DC.  Do lado esquerdo da foto temos nove fios sem terminais que serão ligados aos diversos itens necessários para uma conversão, conforme a disposição mostrada mais abaixo  no texto.
Neste ponto vale fazer menção a uma outra padronização que existe em decoders homologados pela NMRA.
Os conectores, os fios, suas posições e cores não são aleatórios. tudo tem um padrão a ser seguido e não estar nesse padrão, significa que ele não é homologado pela NMRA. Vejam a foto abaixo.
Na foto, notem o conector branco à esquerda dela. Observem também as duas fotos anteriores e vejam que nelas, a conexão dos fios com o corpo do decoder, apresenta uma região mais larga, nos dois casos anteriores cobertas pela capa plástica que recobre o circuito.
Nos três casos essa região apresenta um conector, também padronizado pela NMRA de nove pinos, chamado de JST (fabricante). Muitos decoders vêm com esse tipo de conector no corpo do circuito e muitas locomotivas DCC Ready também vêm com o plug correspondente em suas preparações para receber o sistema DCC. É o caso das Athearn da linha Ready to Roll, como a minha Athearn CF-7.
Na sua placa de circuitos internos, no lugar do conector de oito pinos ela tem um cabo com esse tipo de conector em uma das extremidades ligado ao circuito que controla as luzes. Do mesmo modo que no outro conector, basta então retirar o circuito, desconectar o "arreio" do decoder e conectar o decoder a esse cabo e a locomotiva estará convertida ao sistema DCC.
Um detalhe deve ser observado. Na foto acima desta última, vemos mais alguns fios saindo do decoder mostrado. Um par de fios são ligados o capacitor de supressão de mal contato das rodas para os decoders de som, dois outros são os fios que serão ligados ao auto falante necessário para reprodução destes e um último fio é utilizado em locomotivas mais modernas que dispõe de geradores de fumaça e este fio faz a sincronização desta com o movimento da locomotiva.

Nesse conector JST os fios têm a seguinte disposição:
1- Roxo (violeta) ou marrom - F6
2- Preto - Alimentação (trilho esquerdo)
3- Cinza - Motor (negativo)
4- Amarelo - Farol traseiro
5- Branco - Farol dianteiro
6- Azul - Alimentação de acessórios (positivo)
7- Laranja - Motor (positivo)
8- Vermelho - Alimentação (trilho direito)
9- Verde - F5
Visto de frente pelo lado dos pinos internos, com eles voltados para você, componentes para cima
Para mais informações sobre esse tópico, vejam o site da NMRA/Standards and Recomended Pratices/Electrical Interface & Wire Color Code for Digital Command Control S-9.1.1 - (www.nmra.org).
Bem Amigos, depois dessa parte inicial, tudo que precimos fazer agora é colocarmos a nossa locomotiva convertida ao sistema DCC na linha para podermos aproveitar todos as facilidades que o sistema nos podem oferecer. Movimento de aceleração e parada suaves, faróis que podem ser ligados e desligados ao gosto do Ferromodelista, efeitos de luzes e sons diversos, possibilidade de andar em um mesmo trilho com outros trens e/ou operadores, como nas ferrovias reais, usar regras de tráfego como os trens de verdade, tocar a buzina nas passagens de nível e tudo mais.
Mas Ainda tem uma outra fase da conversão que pode ser a mais interessante de todo o processo, pois dela resulta em mais ou menos fidelidade à operação da nossa locomotiva. Chegou a hora de trabalharmos com a parte escondida da conversão, mas que pode ser de grande prazer para nós e para os que forem observar nosso trabalho.
Mudar o número da locomotiva, calibrar os efeitos de luz, adequar a nossa obra a um protótipo real, trabalhar o som do motor para que responda com fidelidade às variações de comando que colocamos no nosso controle e por aí vai.
Agora não precisaremos mais das ferramentas normais que usávamos até agora. Agora entra em cena a nossa "Cuca". Ler manuais, catálogos dos componentes e aparelhos que dispomos e até mesmo perguntas a amigos mais enfronhados no assunto e com isso descobrir os segredos da programação dos CV - Variáveis de Configuração da nossa locomotiva. Pensar, pensar, Professor!
Na próxima postagem estarei colocando muitas das coisas que aprendi desde que comecei a trabalhar em minhas locomotivas com o sistema DCC, mas confesso que tive que puxar da memória coisas que aprendi há muito tempo atrás e também convocar a "ajuda dos universitários" em algumas situações.
Não se preocupem, pois como muitos de nós que praticamos Ferrmomdelismo, tivemos que entrar em searas que nem tínhamos ideia de como funcionavam e hoje vemos que mesmo assim conseguimos fazer nossas coisas de maneira satisfatória, então, será assim com essa nova faceta do nosso Hobby.

Até a próxima postagem.
Saudações
J.Oscar


sábado, 15 de agosto de 2015

CONVERSÃO DE UMA S-1 PROTO 2000 PARA DCC

Olá Amigos!

Resolvi dar um tempo nos artigos sobre a construção de maquetes que vínhamos postando anteriormente, para dividir com vocês a conversão de uma locomotiva S-1 da Proto 2000, usando um decoder da MRC que fiz nesta última semana.
Para a sequencia do artigo sobre construção de maquetes é necessário a confecção de alguns desenhos que já estão sendo providenciados mas demandam algum tempo e assim que estiverem concluídos, darei continuidade a sequência do artigo.
Por enquanto, voltarei a um assunto que já discutimos aqui, a conversão de locomotivas do sistema analógico (DC) para o sistema DCC. 
Eu tenho uma locomotiva Alco S-1, da marca Proto 2000, que foi comprada há alguns anos em um evento no Museu do Imigrante, na loja do Ayrton, da Rio Grande Modelismo.


A locomotiva, durante esse tempo todo, vem funcionado em maquetes analógicas, sempre com destaque para seu movimento e suavidade, sem que eu notasse qualquer problema em seu desempenho.
Poucos meses atrás, comprei um decoder MRC 1663 para locomotivas Atlas S-2/S-4 e, quando da compra do decoder, eu não lembrava que a minha locomotiva era da marca Proto 2000 e só depois que o decoder chegou é que eu vi que as especificações não eram para o mesmo fabricante, mas desmontei a locomotiva e vi que o decoder poderia ser adaptado no chassis da Proto, com ligeiras modificações, que não seriam difíceis de serem feitas.
No manual do decoder, também são sugeridas modificações a serem feitas no chassis da Atlas e talvez até mais difíceis que aquelas que eu precisei de fazer no chassis da Proto. 
O certo é que, mesmo sendo uma locomotiva Atlas, ainda assim seria uma adaptação do decoder com a locomotiva, já que ela foi projetada para uso em maquetes DC.

DESMONTANDO A LOCOMOTIVA
Desmontar o modelos da Proto é bastante fácil. Com uma chave Phillips pequena, retira-se os dois engates das pontas da locomotiva e retira-se dois parafusos alojados no tanque de combustível, pela parte de baixo do modelo. A carcaça sairá com facilidade mas devemos tomar cuidado pois a folga é bem pequena e a carcaça é feita com uma espessura bem fina, mas com grande qualidade de acabamento e detalhes.
A carcaça é composta de duas partes. Uma forma o nariz e a cabine da locomotiva em apenas uma peça e a outra parte forma o passadiço, as escadas e o acabamento do tanque de combustível.
Essas partes deverão ser deixadas de lado até a remontagem final, pois não interferem na instalação propriamente dita.
Há espaço suficiente entre o topo do chassis e o fundo interno da carcaça para acomodação do decoder.
Seguindo com a desmontagem, depois de termos acesso ao chassis, vemos que sobre ele há uma pequena placa de circuito impresso com um plug de 8 pinos, padrão para DCC, e a ligações de contatos dos captadores de corrente das rodas, ligação do motor e as lâmpadas dos faróis dianteiros e traseiros. Esses contatos são do tipo usado nas Atlas Kato, com pinos de circuito impresso dourados onde os fios são conectados e presos por uma presilha plástica que mantem o fio em contato com o terminal de circuito impresso.
Tudo isso deve erá ser retirado e guardado para posterior uso se forem necessários. Com o chassis limpo, podemos passar a instalação do decoder.

INSTALANDO O DECODER
Como dissemos anteriormente, o decoder escolhido foi o MRC 1663 para locomotivas Atlas S-2/S-4.
As locomotivas S-2/S-4 usam a versão turbinada do motor Alco 539 (539T), enquanto que a S-1 usa o motor 539 aspirado.
O problema é que, na época, não encontrei um fabricante que disponibilizasse a versão com motor aspirado, por isso comprei a versão para o motor Alco 539T.
Recentemente descobri que a Soundtraxx tem o decoder da linha TSU 750 (827011) que reproduz o motor aspirado para a Alco S-1/S-3, mas agora não adianta mais "chorar pelo leite derramado".
O decoder ainda se encontra disponível na Rio Grande Modelismo e custa R$ 180.00 (http://riograndemodelismo.com.br/decoders-1/decoder-para-atlas-s2s4.phtml).
Na foto acima, podemos ver a instalação do decoder em uma locomotiva Atlas S-2/S-4.

Na foto acima a instalação do decoder na locomotiva S-1 Proto 2000.
O decoder é especificado para as locomotivas da Atlas e se acopla diretamente ao chassis, como podemos ver na foto superior. Mesmo que no manual do decoder haja instruções de adaptação dele ao chassis, diz o manual que essas adaptações são mínimas e simples de serem feitas. Para a locomotiva da Proto 2000, elas são menores ainda e mais por uma necessidade de espaço do que por outra coisa.

DIFERENÇAS ENTRE OS CHASSIS ATLAS E PROTO 2000
Comparando as duas fotos acima podemos ver as diferenças e semelhanças entre os dois modelos e chassis. O chassis Proto 2000 é dividido em duas partes, colocadas juntas com o motor fixado entre elas, por cima e por baixo. Um parafuso pequeno fixa o motor na parte de baixo do chassis e outros dois parafusos fixam o chassis pela parte de cima, sendo um na frente do chassis e um segundo que fixa a placa de circuitos antiga ao chassis e na parte superior ao motor. Retirada a placa de circuitos antiga, esse parafuso servirá para fixar o decoder ao chassis.
O motor, em ambos os modelos, é muito parecido ou, podemos dizer idênticos, sugerindo que, possivelmente, os dois modelos sejam feitos pelo mesmo fabricante, com ligeiras modificações de marcas.
O chassis é que tem as maiores diferenças, mas a instalação do motor é a mesma nos dois modelos. Ambos são colocados com o coletor de energia voltado para a traseira da locomotiva e usam o chassis metálico como um dos polos de alimentação de energia para o motor.
Para o outro polo do motor, é deixada uma abertura no chassis, por onde pode ser acessado o polo da alimentação do motor, feito por um clipe metálico soldado na placa do decoder que deverá ser dobrado em um ângulos de 30º (trinta graus) para que toque no terminal do motor fazendo o contato elétrico. No modelo DC esse contato é feito por um "olhal" de bronze acoplado ao porta escovas e ligado por um fio a placa de circuitos. O outro polo de alimentação do motor é feito por contato direto entre o motor e o chassis. Originalmente também existe um terminal metálico acoplado ao porta escova do motor que, virado pra um dos lados. encosta em uma região sem pintura do chassis, fazendo o contato elétrico.
Os porta escovas do motor são dois dispositivos sextavados que são aparafusado em um isolador plástico que posiciona as escovas em contato com o coletor do motor (mais tarde falaremos sobre esses contatos).
Na foto, a seta vermelha aponta para o polo superior do motor e a seta amarela aponta para o contato que vai ligado ao chassis que faz contato com o polo inferior do motor.
O auto falante, de tamanho bem pequeno, é acoplado ao decoder na região da cabine do modelo e também há bastante espaço para sua acomodação entre o decoder e o chassis, nessa região.
Toda a parte de baixo do decoder é isolada eletricamente por uma camada de tinta/fita isolante branca, ficando livre apenas os dois contatos do motor. Um capacitor é soldado na parte baixa do decoder e, por causa dele teremos que fazer mais uma pequena intervenção no chassis.

ISOLANDO O MOTOR
Mandam os "dogmas" da instalação DCC que o motor do modelo deve ser completamente isolado do chassi metálico de uma locomotiva em que estamos fazendo a conversão.
Na configuração estrutural de um decoder, existe uma fonte interna que alimenta tudo que está dentro do decoder, inclusive o motor. Essa fonte é alimentada pelos captadores de energia ligados aos trilhos, que também alimentam, como sinal de dados, um leitor dos dados transmitidos pelo controlador. A alimentação que vem dos trilhos, então é decodificada internamente para o perfeito funcionamento do decoder. Diferentemente do sistema analógico, não podemos usar o chassis como um dos polos de alimentação do motor no sistema DCC, então os dois polos do motor devem estar completamente isolados do chassis.
Observem a estrutura interna de um decoder DCC. Notem que a alimentação que vem dos truques, não alimenta diretamente o motor nem qualquer outro sistema de saída dentro do decoder. A tensão vinda dos trilhos é usada apenas na criação de uma fonte de alimentação interna e serve como dados de entrada para um decodificador de comandos/funções internas do decoder. Observem também que o motor é comandado por um circuito interno independente da alimentação que vem dos trilhos.
Foi isso que fiz, primeiramente por seguir essa norma, mas depois verifiquei que no caso atual isso não seria tão necessário, ou poderia ser relevado devido a construção física dessa locomotiva.
Mais tarde porém, voltei a ver que essa modificação foi necessária e, ao longo do texto vocês saberão por que.
Como disse anteriormente um contato metálico liga o polo inferior do motor a uma área sem pintura do chassis e é aí que teremos que fazer o isolamento.
Primeiro retiramos esse contato e o descartamos. Para isso teremos que desaparafusar o porta escovas e retirar o contato fixo nele. Cuidado ao desmontar o porta escova pois a escova (carvãozinho) é muito pequeno e tem uma mola potente em seu interior que fará a escova pular para alhures se não forem tomados os devidos cuidados.
Um isolante de plástico azul composto de três partes faz o acabamento e o isolamento dos porta escova da armação do motor. Uma parte desse plástico e visto lateralmente nas fotos e os demais isolam o porta escovas da armação metálica do motor. Retire momentaneamente esse plastico do porta escova inferior e solde um fio (o mais fino possível) ao porta escovas. O porta escovas é sextavado e esse fio deve ser soldado a uma das faces laterais do sextavado e não na parte superior, para termos mais facilidade de proceder ao isolamento, pois o espaço abaixo dele é mínimo.
Observação Importante - Os isolantes plásticos do motor são extremamente sensíveis ao calor. Ao soldar o fio aos porta escovas, retire todo contato com os isolantes plásticos para que não derretam. Não tentem fazer a solda rapidamente achando que dará certo, pois não dará.
Com uma máquina Dremel, abra um pequeno canal vertical na lateral do chassis, no local onde estava o contato do motor. Se for necessário faça o mesmo no isolamento plástico lateral do motor, para melhor acomodar o fio.
No fundo do chassis, há um rebaixo para acomodar o porta escovas. Devermos colocar ali um pedaço de fita isolante para isolarmos o porta escovas do chassis. Não coloque fita nas laterais pois não haverá espaço para a colocação do motor que é justa em relação ao chassis. Tome cuidado para que partes não isoladas da solda e do fio não encostem no chassis (isso é muito importante).
Depois de remontada a parte superior do chassis, sobrará um orifício junto a parte superior do motor por onde deverá passar esse fio para alcançar o decoder. O fio deverá subir junto a parte isolante do motor e alcançar esse orifício (veremos em outra foto, mais tarde). Não tente passar o fio por fora do chassis, pois a carcaça não entrará, já que ela entra justa com a lateral do chassis.
Antes de remontarmos definitivamente a parte superior do chassis devemos observar se há espaço para o capacitor que está montado na extremidade inferior do decoder.

No meu caso, o capacitor ficava forçando o decoder para cima, curvando a placa de circuito impresso e, possivelmente diminuindo o espaço entre o decoder e o fundo da carcaça da locomotiva. Por isso eu tive que escavar o chassis nessa região com a máquina Dremel, liberando mais espaço para o capacitor. O capacitor, do tipo eletrolítico, tem uma caneca metálica que normalmente é ligada ao seu terminal negativo e por cima dessa caneca tem uma fina capa isolante plástica. Fiz o escavado de modo a ter espaço sobrando abaixo do capacitor, mas também é conveniente isolar esse escavado com fita isolante para evitar que a vibração acabe provocando um contato do capacitor com o chassis.

COISAS QUE PODEM NÃO ACONTECER COM A TUA CONVERSÃO, MAS ACONTECERAM COM A MINHA
Antes de continuarmos, nessa minha conversão aconteceu uma coisa misteriosa que eu não tenho como explicar o porque disso ter acontecido. Solucionei o problema pelos sintomas dele, mas ainda não sei ao certo qual foi a causa do problema.
Ao terminar a conversão, na fase de testes da locomotiva, notei que a locomotiva andava ao contrário, ou seja, ao direcionarmos a locomotiva para frente, ela acendia o farol frontal mas andava para trás e vice versa, ao comandarmos para que ala andasse de ré, acendia o farol da frente. Como disse anteriormente essa locomotiva foi usada em modo DC e não foi notado nenhum problema de funcionamento, que eu me lembre.
Em DCC existem duas causas possíveis para esse problema.
1 - O plug de oito pinos foi encaixado de modo invertido. Ao usarmos decoders com esse tipo de plug, não causará dano ao decoder se invertermos a colocação do plug. Ele foi designado de modo que, mesmo se conectado erradamente, o decoder não sofra danos e somente o motor fica invertido e rodando ao contrário do que deveria. Solução para o problema é só girar o conector 180º (cento e oitenta graus) e conectar de modo correto. Não é o nosso caso, pois não estamos usando um decoder com esse acessório.
2 - Os fios do motor estão trocados entre sí. Sim, isso seria uma causa muito possível para o nosso problema, mas lembrem-se que estamos utilizando um decoder dedicado a essa instalação. Mesmo sendo projetado para uma marca diferente de locomotiva, os terminais que acessam o motor estão posicionados de modo que não há como eles serem invertidos na montagem e o motor, nas duas marcas de locomotivas, estão nas mesmas posições relativas ao decoder. Do jeito que fiz a montagem, mesmo isolando os dois terminais de alimentação do motor, "no frigir dos ovos", a instalação coincidirá com se a instalação fosse feita do modo recomendado, seja para instalação na locomotiva da Atlas, seja para a instalação na locomotiva da Proto. Fisicamente as duas locomotivas têm a mesma configuração. A frente de uma é a frente da outra, o motor está posicionado do mesmo modo nas duas locomotivas e, a princípio, não vejo como eu ter feito uma inversão do motor, pois ele só tem uma instalação possível: com um terminal para cima e o outro para baixo. Não consigo pensar que se fizermos a inversão desses terminais, ou seja, o que estava para cima estiver agora ligado em baixo e vice versa, se isso ocasionaria a inversão da rotação do motor. Seria um trabalho grande testar essa inversão nessa locomotiva já que ela se encontra montada, mas por desencargo de consciência, farei um teste em outra locomotiva da Proto que tenho e em breve converterei para DCC e verei se isso é possível e colocarei aqui os resultados. Não creio que seja, mas sendo assim, darei a mão a palmatória. 

SEGUINDO COM A CONVERSÃO
Em um parágrafo mais acima, disse que os "dogmas" da instalação DCC, mandam que o motor esteja isolado do chassis, mas isso é necessário se estivermos convertendo uma locomotiva analógia em que o chassis dela seja usado como ponto de captação de energia, como as Athearn (antigas), por exemplo. No caso dessa Proto 2000, isso não acontece.
Nessa nossa locomotiva, os rodeiros são totalmente de plástico e os contatos com as rodas não passam pelo chassis, chegando até ao decoder através de quatro fios (dois nos contatos da frente e dois nos contatos de trás) completamente isolados do chassis. Os mancais e a montagem dos porta escovas, ou seja, toda a parte elétrica do motor são isolados da armadura do motor e também do chassis, e só voltam a fazer contato entre si, através de um terminal do decoder.
A configuração física dessa locomotiva da Proto e também a da Atlas, usa o chassis com um dos polos do motor e o outro polo do motor é completamente independente. Por isso um dos contatos do decoder com o motor pode ser o parafuso que vai ligado ao chassis e à armadura do motor.
Então, alguém mais atento perguntaria: Desse jeito, então não seria necessário fazer o isolamento do motor?
Eu respondo. A princípio sim, mas (tem sempre um "mas") pelo que aconteceu depois, foi necessário e ainda bem que eu assim o fiz.
Seguindo as instruções do manual que acompanha o decoder, bastaria aparafusar o decoder ao chassis e dobrar o terminal positivo em 30º (trinta graus) de modo que ele fizesse contato com o outro terminal do motor, fazer a ligação dos fios captadores de energia dos trilhos e a instalação estaria completada e começaria a hora da diversão.
Foi isso que fiz. Mesmo tendo isolado o terminal inferior do motor, liguei esse fio ao parafuso que liga o decoder ao chassis e o outro contato foi feito pela chapinha do terminal positivo.
Tudo pronto, é hora da verificação final, a montagem do controlador com a linha de testes e de programação e "fogo na caldeira"
Antes porém, vamos observar e falar sobre onde seriam ligados os fios de captação dos trilhos que exigem um pouco de atenção.
Existem quatro pontos onde esses fios deverão ser soldados. Dois na frente do decoder e dois na parte final, perto do auto falante. Observem que são terminais muito pequenos e terrivelmente próximos de partes sensíveis do decoder.
Uma mão tremida, um tempo maior de aquecimento com o ferro de solda, uma escorregada da ponta do ferro de solda e todo o trabalho e dinheiro "vão para a cucuia".
"Muita calma nessa hora".
A espessura da placa de circuito impresso também é muito fina e qualquer superaquecimento, pode danificá-la. Use um ferro de solda de ponta fina. Use um ferro de solda de baixa potência, mantenha a ponta do ferro limpa e estanhada. Ela deve estar brilhante. Se estiver escura ou opaca, limpe-a e estanhe-a. Fixe o decoder em um local firme antes de fazer as soldas. Estanhe os terminais primeiramente. Estanhe as pontas dos fios a serem ligados ali previamente. Corte as pontas a serem soldadas a um comprimento mínimo, de modo que não seja necessário muito tempo em contato com o ferro para aquecê-los. Não use o fio de solda no momento de conectar os fios à placa.
Lembre-se, você só tem duas mãos. Em uma estará o ferro de solda, a outra deverá estar segurando o fio a ser soldado. Onde estará o fio de solda?
Com os terminais e as pontas dos fios estanhados, encoste as pontas dos fios nos terminais e em seguida encoste a ponta do ferro de solda sobre eles. Assim que a solda dos dois derreter, afaste o ferro de solda, mantendo o fio junto ao terminal sem se mexer. Isso será suficiente para ligar as duas regiões estanhadas em uma solda bem resistente.
Não reaqueça a solda. Se algo não ficou bom, se o fio se mexer, ou a solda ficar com pontas, recomece todo o processo, desde o estanhamento dos terminais e das pontas dos fios. Tente acertar dessa vez, pois várias tentativas eradas resultarão em um estrago maior.

PROBLEMAS
Pois bem, durante os testes observei que a locomotiva estava andando ao contrário e o único jeito de consertar isso é invertendo os fios do motor.
Desmontei novamente o decoder do chassis e imaginei como fazer isso. O fio preto que vinha do polo inferior do motor teria que entrar agora no terminal que o manual indicava que deveria ser dobrado de modo a encostar no polo superior do motor e nesse polo do motor, deveria ser soldado um fio que teria que ser ligado ao chassis. O espaço existente entre o polo superior do motor e o terminal do decoder é bem pequeno e o isolamento ali teria que ser muito bem feito para não haver problemas. Então vamos passo a passo ao procedimento adotado.
1 - Soldei um fio (amarelo) ao polo superior do motor (lembre-se que é necessário desmontar o porta escova para fazer essa solda, por conta do isolante plástico) e usei uma fita para isolar a área depois da solda.
Notem o fio preto que vem do polo inferior e o canal escavado no chassis para sua passagem. observem o isolamento com fita no topo do chassis onde o decoder se apoia.
2 - Soldei o fio preto, que anteriormente iria ao outro terminal de motor do decoder (ligado a chassis) ao terminal que iria ao polo positivo do motor através da chapa inclinada, que agora foi dobrada de modo a ficar paralela ao polo superior do motor. Usei um espaguete termo retrátil para isolar essa solda e o terminal do decoder.
Observações Importantes
2-1- Não consegui descobrir a função da área dourada quadrada junto a esse terminal, por isso fiz o melhor isolamento possível na região.
2-2 - Observem que a chapinha de latão onde soldei o fio preto é também soldada ao decoder. Não deve ser solda de estanho, pois não se dessoldou ao esquentarmos o terminal para a soldagem do fio preto, mesmo assim tomem cuidado com a temperatura na hora de soldar o fio e na hora de encolher o espaguete.
3 - Instalei novamente o decoder no topo do chassis e fiz a ligação do fio amarelo ao parafuso de fixação do decoder ao chassis, invertendo dessa forma os fios do motor.
Observações importantes
3-1 - É importante que o fio faça contato com a parte dourada da placa do decoder em volta do parafuso. É isso que liga o decoder ao motor. Não necessariamente precisa fazer contato com o chassis, mas sim com o contato dourado do decoder.
3-2 - Usei um pedacinho de fita isolante para cobrir as trilhas que passam perto da conexão com o parafuso/terminal.
3-3 - Não aperte demais o parafuso de modo a não esmagar a fita e fazer contato com as trilhas de circuito impresso, abaixo do fio.

FINALMENTE CHEGA A HORA DA DIVERSÃO 
Chega a hora de testar a locomotiva. Faça uma checagem geral das ligações, procure por restos de solda sobre a placa do decoder (enquanto a energia não for ligada, alguma coisa ainda pode ser salva), limpe a bancada de testes, não deixe pontas de fios ligados ao decoder, soltas sobre a bacada de testes, e só então ligue o controlador e vamos aproveitar.
Se tudo estiver correto, é bem possível que nada aconteça de imediato, ou assim que ligarmos o controlador, a locomotiva começa e emitir o som do motor. Nesse decoder, ela fica completamente estática e silenciosa. Para começar a emitir o som, basta aumentarmos a velocidade em um ponto. O decoder não apresenta a sequencia inicial de partida do motor (pena).


Este decoder aceita muito bem a programação na linha principal, permite vinte e oito funções, tem 1,5A de capacidade de corrente, o endereço da locomotiva pode ser programado com 2 ou 4 dígitos, permite 14, 28 ou 128 degraus (steps) de velocidade, os faróis dianteiros e traseiro já estão instalados com LEDs amarelos de alto brilho, permite 16 sons de buzina, aceita programação de "consist avançado" e os volumes dos diversos efeitos sonoros podem ser programados/ajustados individualmente (o som do turbo, infelizmente, já é associado ao som do motor e não pode ter seu volume programado separadamente).
É interessante ao modelista, antes de fazer grandes modificações na programação do decoder, fazer uma conferencia e uma listagem com todos os CVs iniciais, informados no manual de instruções do decoder (podem não serem coincidentes), para em seguida, ou quando for necessário, fazer as modificações que achar conveniente ou de seu gosto.
Minha locomotiva terá o endereço 3003 da E.F.Central do Brasil e será pintada com o esquema cereja e creme, inicial desse modelo de locomotiva na EFCB. Ela, como pode ser vista no vídeo, ainda está com partes desmontadas aguardando a pintura. Algumas modificações deverão ser feitas na carcaça, como a mudança do ventilador dianteiro e da chaminé que não estão no formato da EFCB. Dezenas de detalhes ainda serão acrescentados ao modelo (a Proto 2000 é primorosa nesse aspecto).
O decoder e o auto falante encaixam dentro da cabine com perfeição, mas vejo que terei de fazer ajustes para a colocação dos vidros das janelas traseiras, pois me parece que o espaço está todo tomado pelo decoder e o auto falante.
Ainda vou estudar o manual com mais atenção para saber se outros efeitos de luz podem ser acrescentados, como o "Ditch Light" e "Number Boards" independentes.
Aparentemente essas funções não são possíveis com esse decoder, pois o F5 e F6 são pré programados de fábrica para funções que não essas, mas observando a placa do decoder, existe um terminal para acesso uma fonte de 5Volts interna e, com algum estudo, isso pode ser usado para alimentar um efeito diferente. Tendo algum sucesso, coloco a dica em uma próxima postagem.

Por enquanto é só e fiquem aguardando o complemento do artigo sobre a construção de maquetes.

Espero que tenham gostado e que o artigo tenha algum interesse para vocês.

Até a próxima postagem!

Saudações

J.Oscar

domingo, 9 de agosto de 2015

CONSTRUINDO UMA MAQUETE - PARTE 03 - DECORAÇÃO - MATERIAIS

Olá Amigos!

Vamos voltar a falar sobre a construção da maquetes, com essa terceira parte de nosso artigo.
Quem entra no ferromodelismo o faz por diversas razões. Muitos de nós tem um passado ligado às ferrovias e quer revivê-lo e se tornam por exemplo pesquisadores de ferrovias antigas, entram no ramo da preservação ferroviária, mas muitas vezes usam o ferromodelismo como caminho para essa sua volta ao passado, mas muitos de nós, de uma maneira geral, adentra ao ferromodelismo como hobby, um passatempo, apenas uma diversão. 
O problema é que o ferromodelismo é um hobby apaixonante e altamente complexo. As pessoas podem começar no ferromodelismo por passar em uma loja, ver e gostar de uma miniatura de uma locomotiva ou vagão andando em uma vitrine e ter vontade de comprá-lo, mas ao sair da loja, já não será mais o mesmo, pois no mínimo já estará pensando em como colocar aquele modelo para funcionar.
Se uma pessoa compra um modelo de carro de corrida com controle remoto, dentro da própria loja, já poderá ter uma ideia de como aquele "brinquedo" irá funcionar. Não terá necessariamente que construir uma pista dedicada a fazer com que aquele modelo funcione. É assim com vários outros tipos de modelismo. Não é necessário uma estrutura muito complexa para que aquele modelo tenha mais vida. 
Com todos, temos a opção de colocá-lo em uma estante de vidro ficarmos admirando-o sempre que entramos o ambiente em que ele estiver,mas no ferromodelismo, isso nunca é o bastante, pois ele envolve muito mais do que apenas fica admirando um modelos em uma vitrine.
Eu, de uma maneira geral, faço modelismo desde que me entendo por gente. Sempre gostei de construir meus próprios brinquedos. Quando criança, no Natal, meus pais compravam para mim e meus irmãos, um caminhão de madeira. Lembro-me de vários Natais em que ganhei esse presente, mas lembro-me também que durante o ano, ou ás vésperas da época, eu começava a colecionar latas de fermento em pó Royal para que, quando ganhasse o meu caminhão do Papai Noel, eu tivesse uma carga para colocar em sua carroceria. Era certo que as flanelas laranjas que minha mãe usava para tirar o pó dos móveis, passariam a ser as lonas para cobrir a carga de latinhas de pó Royal nas carrocerias dos caminhões.
No tempo de escola, lembro claramente de um dia ter visto alguém fazer uma casinha usando folhas de papel retiradas do seu caderno. Vim com aquela ideia para casa e mostrei a minha mãe o que tinha aprendido a fazer na escola. 
É nesse ponto entra a minha maior incentivadora, Minha Mãe, Dna. Irene.
Minha Mãe era uma apaixonada pelos trabalhos manuais e esteve em vários ramos dessa área desde a modelagem até a pintura, passando por costura, pintura, crochet, bordado e muitas outras facetas.
Meu pai, Seu Juca, também sempre foi um obstinado, mas na época, não tinha tempo de se mostrar á família, pois trabalhando de sol a sol, mal o víamos durante a semana e não tinha tempo de mostrar suas habilidades manuais, se contentando em construir suas vitrolas, escutar seus discos (do qual herdei meu gosto musical), mas que mais tarde, já na aposentadoria revelou-se um Luthier de qualidade construindo e reformando violões (http://www.joscarotruque.com/violoesjucas) com qualidade de mestre, coisa que aprendeu sozinho e ensinou a muitos. 
Das folhas retiradas do caderno caderno, as casinhas em pouco tempo passaram a ser feitas de cartolina e rapidamente ganharam divisórias internas, móveis, cercas, jardins e árvores feitos de papel crepom verde. Enquanto meus irmãos e primos estavam em suas camas já dormindo para a escola no dia seguinte, eu e minha Mãe estávamos à mesa da sala, com papel, tesoura, lápis de cor e cartolina fazendo nossas Obras de Arte. De formas geométricas para os trabalhos de escola até uma balança com pratos que quase a levou ao pronto socorro com o dedo atravessado por uma agulha de crochet, enquanto depois de eu ter ido dormir, ela tentava dar uma melhorada nas correntes dos pratos da minha balança. Fazendo as correntes com linha de crochet, num acidente, prendeu a agulha no dedo e ficou até alta madrugada com a balança pendurada no dedo, esperando meu pai chegar para ajuda-la a reparar aquilo. No dia seguinte, minha balança foi apresentada na escola sem uma gota de sangue sequer, que mostrasse o drama que minha Mãe passara durante a noite.
Terminado o meu curso primário, mudamo-nos para Realengo e a minha fase modelista começou outro rumo. Palitos de picolé. Comecei fazendo toscos aviões com palitos de picolé, depois passei a fazer barcos com os mesmos palitos, que ainda eram também toscos e aquilo também não me satisfazia. A seguir, vi que folhas de madeira retiradas de chapas de compensado velhos, era um material mais adaptado para fazer os cascos dos barcos e fui seguindo por esse caminho até que comecei a ter renda suficiente para enveredar pelos kits plásticos da Rewell. 
Um kit da Rewell era o máximo.
Meu pai trabalhou como motorista vendedor na Kibon e no Natal, os filhos dos funcionários, além de se esbaldarem chupando picolés e vendo outras atrações durante um dia inteiro nas dependências da sua fábrica em Triagem, no Rio de Janeiro, ao fim do dia, também ganhavam presentes e um dos últimos (senão o último) presente Natalino que ganhei da Kibon, foi um kit de um Fusca (plástico verde) que, de tão complexo e detalhado que era, precisou ser montado por meu tio que era mecânico de automóveis. O fusquinha se perdeu com o tempo, mas a lembrança não. 
Passados os anos e chegando a época em que eu já trabalhava, cheguei na fase de construir kits de aeromodelos, a princípio, os mais baratos, em kits com motor a elástico, comprados na Hobbylandia, no Centro do Rio de Janeiro e depois nos motorizados, dos quais contruí dois que ainda tenho até hoje, empoeirados em cima do guarda roupas. 
Mas voltando ao nosso assunto, que é o ferromodelismo, aquele trem que se viu, inocentemente na vitrine da loja e o compramos, ao chegar em casa tem necessidade de que haja uma pista para que ele possa andar, mesmo que sendo sob a mesa na sala, no chão, em volta da Árvore de Natal, ou no bolo de aniversário do filho mais velho (umas das desculpas mais usadas e aquela em que o trenzinho é pra brincar com as crianças).
Depois da pista, vem a necessidade de ter casinhas, pontes, túneis, bonequinhos na estação e quando vemos já estamos solicitando a "Dna. Maria", um cantinho no quarto do casal, o quarto da empregada, metade do quarto das crianças, a mesa de jantar na sala, uma área na varanda onde ela coloca e cultiva seus vasos de plantas, o quarto de hospedes sobrando na casa onde ela ainda sonhava em fazer um cantinho íntimo, para ela ler e ter algumas horas de descanso, depois de seus afazeres (domésticos ou profissionais), enquanto as crianças não chegam da escola, e quando nos damos conta, estamos alugando uma sala, tomando conta do porão, ou do terraço, dividindo espaço com a churrasqueira na área de lazer, metade da garagem ou da laje sobre a garagem, para fazer nossa maquete dos sonhos, toda detalhada em seus mínimos detalhes.
Chegando nessa fase, muitos de nós já tem uma farta biblioteca sobre ferrovias reais, coleções de revistas de ferromodelismo, plantas e esquemas de locomotivas, vagões e também uma "pequena oficina" onde podemos detalhar nossos modelos, câmera fotográficas e uma filmadora para filmá-los em ação e, não só aquele primeiro "trenzinho", mas uma grande coleção de modelos diversos, de marcas diversas, de procedências diversas, sejam guardados em estantes ou dentro de caixas especificamente projetadas para acondicioná-los.

DECORAÇÃO DA MAQUETE
A base da maquete, se não ainda em projeto, já está feita (onde quer que ela esteja), os trilhos colocados e testados, a parte elétrica básica funcionando e finalmente chegamos à parte onde vamos entrar de cabeça no trabalho duro, que é fazer a decoração dela.
Essa parte para mim é a mais trabalhosa, mas também é a que me dá mais prazer. A chance de se criar alguma coisa diferente, a ideia de fazer nossas estruturas iguais ou extremamente parecidas com as originais é um desafio e tanto e mesmo que não se aproximem muito do real, sempre nos darão mais prazer que não as termos de maneira nenhuma na maquete.
Hoje no Brasil, estamos começando a ser mais bem servidos de estruturas de material ferroviário do que a alguns poucos anos atrás, quando para termos alguma qualidade, teríamos que importar tudo que quiséssemos ver na nossa maquete. O problema era que mais qualidade sempre custa mais caro do que menos qualidade, mas muitas vezes encontrávamos produtos de baixa qualidade por preços de produtos de alta qualidade.
Temos também a sorte de, diferentemente de muitos outros países, que também praticam o ferromodelismo, de termos um fabricante nacional com uma linha de produtos, que mesmo que não supra toda a nossa demanda por diversidades de produtos, pode dar, principalmente aos iniciantes, a oportunidade de ter algumas opções de estruturas e equipamentos em suas maquetes sem necessidade de importação.
Temos também produtores independentes que estão melhorando muito de qualidade, e já estão longe da fase de apenas copiar os produtos importados, mas sim criar seus próprios produtos com uma ambientação muito mais parecidas com o que vemos em nossas cidades e campos por onde nossas ferrovias passam.
Ainda temos uma vantagem em nosso ferromodelismo e ferromodelistas. talvez por termos durante muito tempo a desvantagem de não termos um produto nacional de grande diversidade. Somos imensamente criativos. Seja com o produto nacional industrializado, seja com os produto nacional artesanal, seja com o que conseguimos encontrar em sucatas, específicas do hobby ou não, somos capazes de criar coisas que se enquadram perfeitamente em nossas necessidades.
Os produtos da Frateschi (www.frateschi.com.br) são imensamente modificáveis. e adaptáveis. Podemos juntar dois ou mais kits de um produto para fazermos outra estrutura com a mesma finalidade ou até com finalidade completamente diferente. De um depósito de locomotivas retangular, podemos fazer uma rotunda circular, da estação Eng. Passos, já fiz uma casa de fazenda, construí uma vila de trabalhadores, somente com os anexos da estação Eng. Passos, que na realidade nem existia realmente na referida estação.
Na foto acima podemos ver vários produtos da Frateschi combinados entre si e modificados em novas estrutura.
1 - Conjunto habitacional com casas BNH e Sobrados Frateschi, sem modificações, apenas combinados em um mesmo local.
2 - Cabine de sinalização grande construída com vários kits de Cabines da Frateschi. O interior é todo decorado como um CCO e tem um painel de sinalização com o esquema da Maquete.
3 - Conjunto habitacional construído com kits de Sobrado da Frateschi.
4 - Estruturas construídas com sobras de kits Frateschi associados a outros produtos como varetas de madeira e chapas de estireno. Com sobras do Depósito de Locomotivas e Tanque de Diesel, construiu-se detalhes do conjunto.
5 - Rotunda construída com vários kits de Depósito de Locomotivas Frateschi. Toda a base foi feita com os depósitos e o teto e a cobertura com varetas de madeira e papel ondulado, cortado em tamanhos de telhas de amianto e coladas uma a uma.
6 - Conjunto de casas, lojas e apartamentos feitos em papelão, por construtor independente. Dávamos o tamanho e o formato do local e o tipo de construção que queríamos e ele fazia as estruturas.
7 e 8 - Estruturas de origem estrangeiras adquiridas como sucatas e adaptadas ás nossas necessidades. 
(7 representa um motel e 8 uma revenda de automóveis).
Com a torre de sinalização simples fabricada pela Frateschi, foram construídas duas outras bem diferentes para a Maquete da Fábrica. Com o sobrado fabricado por ele e algum trabalho, podemos construir um conjunto habitacional, tipo BNH, bastante convincente e com isso, damos mais realidade e diversidade à nossa maquete.
A mesma coisa podemos falar de muitos outros produtos que encontramos em nosso mercado, sejam eles nacionais ou importados. Importante mesmo é que, muito dificilmente, um mesmo produto se adapta bem a várias maquetes e sempre é necessário e altamente aconselhável, que modifiquemos esses produtos para que tenhamos mais variedades de cenários nas maquetes.
Do mesmo jeito, podemos falar dos diversos materiais que, de uma maneira geral, estariam destinados ao lixo. Garrafas plásticas, tubos de bobinas de fax e filmes (antigos - artigo de luxo atualmente), as próprias armações dos kits de montagem das estruturas importadas, em nossas mãos podem se transformar em diversas outras estruturas que, muitas vezes, não são encontradas em linhas de produtos industriais.
Dentre nossos produtores artesanais temos hoje uma linha diversa em qualidade e diversidade. Com a alta do dólar, ficam mais atrativos ainda. Tem produtos para todos os gostos e preços.
Estruturas fabricadas pela Anjoly.
Gosto muito da Anjoly que com suas estruturas mais regionais enriquecem qualquer cenário. Seus produtos representando estruturas bem básicas, ricas em detalhes e bastante regionalizadas ajudam na composição de cenários mais condizente com as nossas realidades.
Estruturas fabricadas pela Banis Modelismo.
Outros fabricantes nacionais como a Banis Modelismo se esforçam em dar opções ao ferromodelistas. As estruturas fabricadas pela Banis, como no ferromodelismo não deve operar a lei do menor esforço, também podem ser modificadas ao gosto do modelista para ganharem mais detalhes e imponência, mas em uma maquete mais simples, não fariam papel feio.
Toda e qualquer estrutura comprada no mercado nacional ou importada, pode e deve ser modificada para se adequar ao nosso modo de ver as coisas, Uma maquete com tudo certinho e posto no lugar como sai da caixa não deixa de ser uma maquete, mas sempre parecerá menos atrativa aos olhos de quem a olha, em comparação com uma maquete em que o modelista colocou detalhes além dos que vieram nas caixas com as estruturas compradas. Portanto, como ferromodelistas que somos, devemos tentar adaptar tudo ao nosso gosto, desde os trilhos até o objetos de cena.
Depois das estruturas, ou até mesmo antes delas, devemos pensar no terreno onde elas vão ser instaladas.
Se morássemos nos EUA ou na Europa, por exemplo, bastaria irmos, talvez, na esquina ou dar alguns toques em nosso computador pessoal ou tablet, que uma vasta linha de produtos, desde materiais básicos até ferramentas, estariam a nossa disposição para comprarmos e no dia seguinte estaríamos recebendo-as pelo correio em nossas casas, mas estamos no Brasil e, apesar de ainda termos a Internet com acesso a esses mesmos produtos, que eles têm a sua disposição lá, não poderíamos recebê-las no dia seguinte nem ao custo que ele pagam por elas. Então, se não temos os recursos que eles têm, podemos usar a nossa criatividade e engenhosidade e nos adaptarmos a essa situação.
Isopor, papelão, jornais velhos, plástico, fita crepe e uma série de outros produtos que de uma maneira geral iriam para o lixo, são muito úteis na confecção de uma maquete.
Alguns podem pensar. Porque temos que usar lixo em nossas maquete? Não! Não se trata de usarmos lixo, mas sim de reciclar produtos inservíveis para determinadas situações, mas que são perfeitamente úteis na nossa. Muitos desses produtos ficarão invisíveis dentro ou debaixo da maquete e muitos até poderão ser retirados após sua serventia e dirigidos ao seu antigo destino, depois corretamente de reusados por nós. O que ganhamos com isso? Economia e Sustentabilidade.
Por sobre essa base, ainda comparando com o que vemos no estrangeiro, aqui no Brasil podemos usar alguns dos produtos que eles usam lá, mas que aqui não são vendidos em lojas de modelismo. Devemos encontrar nosso produtos em lojas de ferragens, lojas de produtos para medicina, lojas de produtos de beleza, até mesmo em lojas de modelismo (as que ainda sobrevivem), ou fabricarmos nossos próprios instrumentos que nos ajudarão na tarefa de construir os terrenos.
A Woodland Scenics dos EUA (www.http://woodlandscenics.woodlandscenics.com/), disponibiliza para os seus clientes o chamado Shaper Sheet (TM) Plaster, numa caixa com 1,8kg do produto, por cerca de dose dólares.
Isto nada mais é que o nosso bom e velho gesso estuque, que pode ser encontrado em lojas de materiais de construção por preços bem módicos (a última vez que comprei custava R$ 1,00 o quilo e faz o mesmo trabalho). Use gesso puro, não compre produtos destinados a rejuntamento de paredes e assemelhados, pois não têm a mesma formulação e não funcionam bem nas nossas necessidades.
Gesso Estuque é gesso puro, sem aglutinantes e retardantes que atrapalham o nosso trabalho durante o seu uso na maquete.
Na mesma linha, a Woodland oferece o Easy Rock Carving Tools (foto abaixo), que nada mais é que um pacote de ferramentas que ajudam no uso do produto descrito anteriormente. Pelo que o anúncio mostra, se trata de uma escova de pentear cães, um pincel largo e uma ferramente composta de um riscador e uma pequena espátula em cada ponta. Custa lá, cerca de 20 dólares e não se sabe quanto tempo para chegar até aqui se encomendarmos pela Internet.
Podemos ver de cara que não são ferramentas muito diferentes das que podemos encontrar em nosso mercado, apenas que não são destinadas ao nosso uso, mas que se adaptam facilmente.
O meu riscador por exemplo, foi feito por mim mesmo com um prego longo, cravado em um pedaço de cabo de vassoura que depois foi ajustado a minha pegada e que com o tempo foi se ajustando a minha mão e hoje faz a mesma coisa que eu faria com a ferramenta da Woodland depois de um tempo de adaptação.
Nessa mesma linha, a Woodland oferece ainda bacias de borracha (encontra-se em lojas de materiais médicos e manicure), pincéis (lojas de ferragens e papelarias) e uma série de outros produtos que podemos muito bem adaptarmos com o que temos por aqui em nosso mercado. Cada um desses kits importados não custam menos de 10 dólares, pesam (taxas e tempo de transporte altas) e demoram para chegar.

Na linha de pigmentos, também há uma variedade de oferta interessantes com nomes que chamam a atenção e suas finalidades bem definidas, cores que variam do cinza escuro ao claro, passando pelo marrom, verde, amarelo, branco e ocre. Usa-se diretamente do frasco ou diluído ao gosto do modelista, diretamente sobre o gesso.
Podemos substituí-los perfeitamente por pigmentos para tintas latex (tintas plásticas (Latex e Acrílicas) a base de água) vendidas aqui em lojas de tintas para colorir tintas básicas de pintar paredes. Podemos escolher as diversas cores desde o "pretinho básico" ao vermelho, amarelo, ocre, verde, marrom e usando a tinta latex branca ou gelo como base, dá o mesmo efeito que veríamos com os produtos dedicados da Woodland, pagos em dólar.
Quando o assunto passa para a cobertura do terreno que fizemos, seja com os produtos importados ou com nossas adaptações, a coisa muda um pouco de figura. Ainda não temos a variedade a qualidade que encontramos nos produtos importado. Estamos caminhando em alguns setores, mas ainda não chegamos lá e, nesse quesito, eu tenho que dizer que vale a pena pensar em importar material estrangeiro ou então procurar em nosso mercado aquilo que mais se aproxime dele, mas sempre sabendo que ainda deixarão a desejar.
O que mais recomendo é a grama para cobertura do terreno. Nenhum produto nacional se aproxima da qualidade, textura e durabilidade da Blended Turf da Woodland. Podemos comprá-la em sacos de 886 cm cúbicos (por 8 dólares) ou garrafas plásticas que também servem como aplicador com 945 cm cúbicos (por 11 dólares). Existem também cores fixas e texturas diversas que, ao gosto do modelista, podem ser usadas mas eu não as recomendo, pois a Blended Turf já nos dá uma grande qualidade nos terenos cobertos por ela. Comprar esses outros produtos em pequenas quantidades para dar uma variação de cor no que estamos fazendo é possível, mas não recomendo, não vale a pena o custo.
No quesito árvores, o mesmo acontece. Nosso mercado se esforça para dar suporte a esse nicho, mas ainda não temos força para concorrer com o que vemos lá fora.
Árvores prontas, kits de construção, material para folhagens, adesivos e muitos outros produtos podem ser encontrados (http://woodlandscenics.woodlandscenics.com/show/category/TreeKits).
Recomendo kits de construção de árvores em uma primeira fase e em seguida a compra de material para folhagens importados e o uso de produtos reutilizáveis encontrados por aqui. Esses kits são apresentados em três modalidades e custam o mesmo (cerca de 20 dólares). A diferença entre os kits é o tamanho e a quantidade de árvores em cada kit. Quanto maiores em tamanho, menos quantidade no kit e podem ser do tipo coníferas (pinheiros com 42, 24 e 16 peças por kit) ou árvores mais realistas (com 36, 14 e 7 peças por kit). O esquema de montagem é o mesmo em ambos os kits. Troncos moldados em plástico devem ser torcidos e ajustados ao formato das árvore e depois com ajuda de um adesivo de contato, têm as folhagens coladas neles, ao gosto do freguês. Outros kits são apresentados com variação na quantidade e formato e cores das árvores.
Galhos de plantas encontrados em nosso jardins, cortados nos tamanhos adequados cobertos com produtos de cobertura da Woodland ficam muito bons e misturados uns com os outros não se poderá ver a diferença entre ambos. Numa maquete, usa-se uma grande quantidade desse material e importar tudo completo, não é econômico, já que podemos nos adaptar com o que temos aqui.
Ainda falando da Woodland Scenics, pode-se optar por diversos outros produtos como Tree Armatures (troncos e galhos de árvores sem as folhagens - kits generosos com 70 peças (pinheiros) e 114 peças (árvores) dependendo do tamanho (maior tamanho, menos peças)), Poly Fiber (um tipo de algodão colorido de verde que serve para dar volume a um arbusto que depois é coberto com Turf ou Foliage) e podemos comprar separadamente os Foliage Clusters que é a cobertura das árvores, sem os troncos.
Antes de nos decidirmos, convém uma busca na Internet para vermos outros diversos fabricantes que fornecem esses produtos, com mais ou menos destaque e qualidade.
Ainda vamos precisar de Adesivos. Adesivos, temos opções no nosso mercado. A 3M fornece dois adesivos em spray que funcionam muito bem para esse tipo de atividade. Um deles (Spray 77) é próprio para uso em isopor e o outro (Spray 76) é do tipo cola de borracha, que ataca o isopor e não pode ser usado com ele, mas no caso de construção de árvores, pode muito bem ser usado, também. São do tipo cola de contato e são vendidos em latas com spray, que aplicados nos galhos onde será depois aplicado a folhagem. Aplique diretamente nos galhos e coloque as folhagens, sem esperar secar ao ponto de toque.
Para finalizarmos a nossa explanação sobre os produos que podemos usar para confecção de nosso cenário, falta ainda falar sobre alguns outros produtos que podemos usar, além do gesso.
Muita gente fala e gosta de usar o papel toalha. Com esse método constroem-se morros, pedras, terrenos e outros cenários.
Eu não gosto desse método e não aconselho o seu uso, pois na minha opinião dá um acabamento pobre a nossa maquete. Quando digo pobre não é no sentido de custo mas sim no sentido de qualidade. Os contornos não ficam definidos e a aparência geral, na minha opinião, é ainda de papel toalha. Não digo que não possa servir como base para outra aplicação, mas ser usado como produto de acabamento, que dará contorno ao cenário, não gosto.
Eu gosto de usar o Gesso Estuque como base para a decoração do cenário, mas gesso fica extremamente branco depois de seco e não adianta tentarmos color´-lo antes da aplicação pois não funciona. O que então podemos usar para dar a tom de terra ao nosso terreno?
Primeira opção. Tintas. Muito bem, tinta seria uma boa opção, mas ainda teremos que chegar a um ponto que nos dê a impressão de que aquilo é um terreno, em cor, textura e tonalidade. Difícil de conseguir com produtos básicos ou uma experiência básica, de principiante.
Mas aí chega uma segunda opção que engloba todas essas necessidades. Porque não usarmos Terra na realidade? Sim, terra mesmo, que podemos pegar em nossos quintais, em estradas sendo construídas, que são cobertas com várias tonalidades de barro. O pessoal do interior paulista, tem a sua disposição uma cor de terra que de um modo geral pintam todas as ruas de suas cidades de vermelho. Nós aqui no Rio de Janeiro contamos com diversas tonalidades de barro, que variam do rosa, depois de seco, até cores que se aproximam da tonalidade encontrada em São Paulo. O problema é que nenhuma delas sozinhas dão um acabamento perfeito. O barro de São Paulo fica muito escuro e os do Rio de Janeiro ficam muito claros.
Qual a solução? Vamos misturar os dois, porque não? Assim ficamos com a possibilidade de variarmos as tonalidades dos nosso terrenos e as aplicarmos em regiões diferentes de nossas maquetes dando mais realismo aos nossos terrenos.
Como fazer isso? Primeiro temos que recolher e preparar o barro. Normalmente ele está molhado ou úmido e, para secá-lo, vamos colocá-lo sobre folhas de jornal e reviramos até que ele esteja completamente seco. Nesse ponto veremos qual realmente é a sua cor. Com o barro seco, vamos passá-lo por uma peneira muito fina e ficar só com a poeirinha que passar pela peneira. O resto pode ser moído em moedor de café ou pimenta e peneirado até obtermos a maior quantidade possível de barro fino e seco. Em seguida vamos guarda-lo em uma garrafa transparente e seca, separando as diversas tonalidades. Na hora da aplicação, eles podem ser misturados e aplicados diretamente sobre o gesso coberto com cola branca diluída ou não.
Um colega certa vez me perguntou se tinha que fazer uma "laminha" para aplicar o barro. Não, não tem que fazer nada de laminhas. É como se estivéssemos aplicando a grama. Espalha-se cola com um pincel (a cola que pode ser normal ou mesmo diluída entre 50 a 70% (prefiro ela diluída)) e em seguida, aplica-se o barro que, se moído bem fino, vai escorrer como um líquido. Podemos aplicar uma quantidade superior ao necessário, pois depois ele pode ser reaproveitado. Espalha-se com um pincel e retira-se o excesso. Nas áreas em que ficar alguma falha, aplica-se novamente a cola e reinicia-se o processo, até ficarmos satisfeito com o resultado. Não use o barro como tinta, fazendo a tal "laminha" que o colega pensou. Deixe ele aderir com a cola normalmente, pois assim conseguiremos a textura ideal do terreno. Com a cola diluída, uma certa umidade vai brotar acima do barro então, logo em seguida, podemos fazer a aplicação da grama, para aproveitar a cola.
O processo também pode ser feito com a cola de contato 77 da 3M (prefira a cola 77, pois seu acabamento depois de seca é transparente). Aplica-se a cola e logo em seguida o barro (não esperar dar tempo de contato). Do mesmo jeito, onde não houver adesão, nova aplicação de cola e de barro, até cobrir a região, como desejado.
No YouTube existem 3 vídeos de minha autoria explicando esse processo, mas como foram feitos há muito tempo a qualidade não é muito boa, mas servem para dar uma ideia do processo.



Pois bem Amigos, vamos terminar por aqui essa terceira parte do artigo sobre confecção de maquetes e prometo voltar a falar mais sobre o assunto assim que forem terminados os desenhos explicativos que estou fazendo.
É um assunto amplo que envolve vários conceitos que precisam ser muito bem detalhados para que sejam bem explicados e entendidos.

Espero que tenham gostado, que esses dados sejam de seus interesses e que possam ajudá-los em seus projetos.

Até a próxima Postagem

Saudações

J.Oscar

terça-feira, 21 de julho de 2015

CONSTRUINDO UMA MAQUETE - PARTE 02 - COLOCAÇÃO DOS TRILHOS E INSTALAÇÃO DA PARTE ELÉTRICA

Olá Amigos!

Terminamos a postagem anterior quando nos preparávamos para iniciar uma outra fase na construção da nossa maquete. Estávamos terminando a confecção dos suportes verticais das pistas e, em seguida, passaríamos à colocação dos trilhos e desvios, além da construção do terreno e do cenário, mas vamos ainda falar um pouco sobre os suportes verticais das pistas.


No desenho em 3D acima, podemos ver o três níveis em uma região próxima do acesso a sala da nossa maquete. No nível mais baixo (90 cm) duas locomotivas da Burlington tracionam um um trem de gôndolas e, na transição entre os níveis 100 cm e 110 cm, duas locomotivas nas cores da UP, tracionam um trem de carro fechados. Observem os suportes das pistas elevadas  e seus posicionamentos, de modo a não obstruir as pistas inferiores. Em muitos casos temos necessidade de sobrepor duas pistas e temos que confeccionar e posicionar os suportes em ângulo de modo a deixar espaço para a passagem dos trens na pista sobreposta. Em caso de necessidade os suportes podem ser desbastados para dar espaço ao trem de passar em regiões mais críticas. Nos locais em que isso não possa ser feito devemos mudar a posição do suporte vertical de modo a dar passagem ao trem que ocupa a pista. 
Devemos também já levar em consideração as necessidades que vamos ter para a confecção do relevo acima da região sobre posta. os suportes deve ser confeccionados de modo a não interferirem na confecção do relavo acima, mesmo que para isso tenhamos que "inventar" no formato desse suporte. O importante é fazer com que ele não interfira nas necessidades de outros sistemas da maquete. Por exemplo, se em alguma região formos colocar uma ponte, não podemos ter um suporte atuando no meio do vão necessário para a colocação da ponte.Esse cuidado deverá ser previsto durante a fase de projeto e desenho, a não ser que a colocação da ponte seja decidida mais tarde e, nesse caso deveremos fazer as modificações necessárias nos suportes existentes para que eles não interfiram nessa nossa decisão.


Nessa nova vista 3D da maquete, vemos a parte central do traçado. Os três níveis muito bem determinados, com delimitação para os espaços necessários a colocação dos terrenos e locais para a colocação de estruturas. Nas linhas mais a beira da maquete, está prevista a instalação da estação ferroviária, com uma rua passando por trás dela e uma plataforma entre a primeira e segunda linha a partir da borda. 
Nessa etapa, já devemos ter definido que tipo de estruturas colocaremos em que lugares e os espaços para tal já devem estar definidos, mesmo que as estruturas ainda não estejam colocadas nos seus lugares. É a hora de estudarmos onde vai o quê, pois se não gostarmos da posição do objeto que pretendemos colocar no local ou sua disposição em relação ao traçado, ainda dá tempo de alguma modificação no traçado de modo a adequá-lo melhor ao que queremos. Pode-se acrescentar ou retirar uma linha que não ficou bem ou modificarmos um desvio, de modo a servir melhor a alguma estrutura. 

Por exemplo, com relação a foto acima à direita, me veio a ideia de uma modificação no traçado que daria uma movimentação diferente à maquete. Essa ideia vai contra alguns dos meus princípios no qual, um deles é de não ter vias elevadas à frente de vias mais baixas ou muito perto da borda da maquete, mas essa modificação me permitiu dar uma dinâmica diferente na circulação e não ficou tão fora dos parâmetros que sigo e pode ser que valha a pena ser colocada em prática. 
Mas já que estamos adiantados na confecção do traçado atual, vamos continuar com ele e, ao final do artigo, eu coloco a modificação feita para apreciação de vocês.

INSTALAÇÃO DOS TRILHOS E INSTALAÇÃO ELÉTRICA

Terminada a confecção das pistas e seus suportes passaremos então a instalação dos trilhos e da parte elétrica e, nesse momento, surge o grande dilema sobre o qual todos os Ferromodelistas atuais, terão que pensar e decidir. 
DC ou DCC?
Por mais que o sistema DCC esteja em voga atualmente, ainda assim não é todo mundo que já aderiu ao sistema, mesmo porque, ele ainda é relativamente caro e pouco entendido por muitos.
Mesmo em revistas americanas podemos ver artigos em que o tema conversão DC/DCC ainda está sendo discutido, apesar de lá eles terem acesso a tecnologia com muito mais facilidade que nós aqui. 
A minha opinião é que devemos fazer a nossa maquete como se fossemos operar o sistema DC, mas com possibilidade de termos instalado o sistema DCC alternativamente. Para mim isso nos dá algumas vantagens em relação a uma maquete totalmente dedicada ao sistema DCC. 
O que acho mais importante nesse quesito é que, sob determinadas condições, uma maquete DC pode operar no sistema DCC simplesmente trocando-se o controlador de um tipo pelo de outro tipo.
Quais são essas condições?
Em primeiro lugar, devemos escolher os desvios do tipo com  Frog Isolado.
Atualmente temos dois tipos de desvios (ou AMV - aparelhos de mudança de via): Os de Frog Isolado e os de Frog Elétrico.
Frog Isolado - Os desvios de Frog Isolado, são muito mais simples de instalar e dependendo de sua qualidade, seu funcionamento em DCC não muda em nada quando passamos de um sistema para o outro. 
Os desvios da Frateschi são do tipo isolados (quando não há ligação elétrica nos trilhos internos que fazem o cruzamento das vias no interior do Frog). Nos desvios da Frateschi, mesmo com os problemas inerentes de sua fabricação, seu funcionamento em DCC não é problemático pois tem uma região bastante grande, onde os problemas normalmente ocorrem, totalmente feita em plástico e por isso com poucos problemas elétricos nesse quesito (já não podemos falar o mesmo dos problemas de construção). 
Já nos desvios importados do tipo Frog Isolado, como os da marca Peco da foto ao lado, grande parte do Frog é de metal, mas tem a região crítica, relativamente isolada e sob condições ideais isso não causa problemas.
Nos desvios com Frog Isolado os trilhos que formam a linha reta e a linha curva já são ligados eletricamente aos trilhos internos que formam as agulhas e os trilhos de saída do desvios, de modo que, de uma maneira geral, não precisamos nos preocupar com isso ao instalarmos o desvio no traçado.
A Frateschi não fabrica desvios com Frog Elétrico, então ao usarmos desvios dessa marca, não fará diferença se seu uso será no sistema DC ou DCC.
Frog Elétrico - Nos desvios com Frog Elétrico, como na foto abaixo e à direita, toda a região do cruzamento das linhas, interno ao desvio é eletricamente ligada entre si, mas isolada das agulhas e dos trilhos que formam a linha reta e curva do desvio. Há a necessidade de fazermos um chaveamento elétrico entre essas partes de acordo com a direção que nossos trens deverão tomar ao entrarem e saírem do desvio. De acordo com a posição das agulhas, todo um caminho deverá ser providenciado com a energia elétrica para que o trem continue corretamente alimentado ao passar pelo desvio. Isso poderá ser feito juntamente com a bobina de acionamento do desvio, se ela tiver contatos de seleção extras, ou um motor Tortoise (ver postagem anterior), ou por uma chave externa que fará a seleção da direção que queremos dar ao desvio ao ser acionado e, ao mesmo tempo, fará as ligações necessárias para o correto comportamento elétrico do desvio. O funcionamento e a instalação de um desvio desse tipo não é difícil, mas demandará um pequeno exercício de engenharia elétrica para que não haja problemas.
Trechos Isolados - Outro ponto importante que devemos decidir na parte elétrica da maquete, é a necessidade de termos trechos isolados ou não. 
Diz a regra geral que em uma maquete DCC a fiação elétrica é mais simples, sem necessidade de pátios isolados e chaveamentos para ligá-los ou desligá-los. Eu já penso diferente.
Tomando-se em conta que ao comprarmos um sistema DCC básico, a fonte de alimentação é, em geral, de baixíssima potência, normalmente fornecendo algo em torno de 1,6A, quando muito. Mesmo que os modelos de locomotivas equipadas com o sistema DCC, de fábrica, tenham um consumo muito baixo, vários deles ligados ao mesmo tempo em uma mesma linha ou maquete, serão somados entre si e, se não prestarmos atenção, em pouco tempo estaremos alcançado a capacidade máxima de nossas fontes de alimentação. 
Devemos lembrar que diferentemente dos nossos modelos DC,  no sistema DCC, nossos trens estarão constantemente consumindo corrente, mesmo que parados e sem emitir nenhum som ou terem seus efeitos luminosos ou sonoros sem funcionar. Enquento um modelo DCC estiver sobre uma linha energizada, ele estará consumindo corrente elétrica.
Nos manuais dos sistemas DCC, existe a informação que podem ser operadas "X" locomotiva ao mesmo tempo, mas não diz quantas podem ser operadas ao mesmo tempo com a fonte de alimentação fornecida com o equipamento. Mas, de qualquer maneira, há uma certa liberdade de operação com várias locomotivas, mesmo com a fonte fornecida com o equipamento, mesmo que de maneira limitada. 
Devemos lembrar também que, mesmo sobre rodeiros de baixíssimo atrito, nossos trens têm peso e quanto mais vagões colocamos em nossos trens, mais peso ele estará tracionando e maior será o consumo de corrente do motor controlado pelo decoder DCC, para alimentar e tracionar esse trem. 
A cada vagão ou efeito sonoro ou luminoso que adicionarmos ou acionarmos, maior será o consumo de corrente e temos que lembrar também que quando olhamos na fonte de alimentação do controlador e vermos que sua saída fornece "X" valor de potência, essa potência também terá que ser dividida com o consumo de corrente do controlador, que também é alimentado pela fonte. 
Existem a venda equipamentos de maior potência chamados "Boosters" que podem ser usados em maquetes com grande número de trens em operação ao mesmo tempo, mas isso será assunto para uma outra publicação, mais tarde. Por enquanto vamos nos concentrar em nossa maquete alimentada por um sistema DC ou DCC normal.
Minha sugestão é que façamos nossa maquete como se fosse para ela ser operada com o sistema DC, com toda a parte elétrica do mesmo jeito que faríamos para o sistema DC e acrescentemos a opção dela ser operada também com o sistema DCC. Para isso basta que coloquemos chaves que selecionem um entre os dois sistemas de operação. Fazendo assim teremos locais em que a alimentação pode ser desligada e uma locomotiva que esteja dentro da maquete, mas sem uso imediato, poderá ficar ali estacionada, mas sem estar consumindo corrente da fonte. Para que ela entre em funcionamento, basta ligar uma chave e todo o procedimento de partida da locomotiva poderá ser realizado, dando a meu ver um pouco mais de realidade a nossa operação.
Chaveamento - No exemplo acima podemos ver um esquema de ligação de trechos isolados. 
A chave P1 isola o pátio P1 e a chave P2 isola o pátio P2. Todas as chaves recebem alimentação de um barramento único que também serve para alimentar a Linha principal. Devemos fazer a alimentação antes de depois de um desvio e, quando houver uma sequência de desvios ligados um ao outro, devemos também alimentar a junção de dois desvios em série, para evitar problemas de parada de locomotivas e desvios. 
Nossa maquete é composta por uma linha singela que dá duas voltas pelo tablado, pelo desenho acima temos uma visão clara de como deve ser feita a ligação das linhas principais e dos pátios.
Devemos selecionar um trilho que seja o menos possível interrompido por passagens em desvios e usar esse trilho como sendo o Trilho Comum a todo o circuito, que deverá ser ligado diretamente ao polo negativo da fonte de alimentação. Quando esse trilho for interrompido por alguma passagem por um desvio, a alimentação desse terminal negativo deverá ser feita antes de depois dessa interrupção. 
O outro tilho, será ligado ao outro terminal da fonte sendo que, nas linhas principais, diretamente ligado ao polo positivo do barramento de alimentação e nos pátios, ligados através de uma chave ao trecho isolado dos pátios, conforme o desenho acima. Quando um pátio for composto por desvios na estrada e na saída, devemos isolar os dois pontos de contato com os desvios e alimentado por uma chave no trecho entre os dois desvios.
Observações Importantes:
1 - Procure traçar a Linha Principal de modo a percorrer o maior trecho possível sem passagem por desvios ou sequências de desvios. Se houver uma sequência de desvios na linha principal, faça uma ligação de alimentação em cada junção de dois desvios da sequencia.
2 - Os desvios de entrada para os pátios deverão ser ligados preferencialmente a linha principal, sem que haja uma chave de alimentação no circuito. 
3 - O trecho isolado de um pátio deverá começar sempre depois da saída de um desvio e a chave de alimentação deverá alimentar apenas o trecho isolado. Se dentro desse trecho isolado houver um desvio, acessando um outro pátio, alimente-o sempre pela chave de alimentação do pátio anterior (que dá acesso ao desvio) e assim por diante.
4 - Cada pátio ou trecho isolado deverá ter sua chave de alimentação. 

COLOCAÇÃO DOS TRILHOS

Quando iniciamos a colocação dos trilhos surge sempre uma dúvida e lembramos de uma máxima que circula em nosso meio que diz o seguinte: 
"Devemos começar a colocação dos trilhos a partir de um desvio". 
Não digo que isso seja errado, mas não é necessariamente verdadeiro ou necessário, pois com um projeto bem feito, podemos começar a colocação dos trilhos por onde nos for mais conveniente. Se for a partir de um desvio, comecemos por aí, então, se não, comecemos por onde nos for mais conveniente.
Com um projeto bem elaborado sabemos exatamente onde vai cada coisa e podemos seguir nosso projeto e ir colocando as peças onde e quando elas forem necessárias. 
Sempre termine o trecho que você está trabalhando. Não deixe peças para serem colocadas depois, pois aí o trabalho será dobrado e muitas vezes teremos que desmontar o que já estava feito para colocarmos a peça que falta adequadamente. 
Coloque e solde as talas de junção e isolantes quando forem necessárias e pregue os trilhos em todos os pontos disponíveis. 
Cuide do alinhamento dos trilhos e do paralelismo deles quando forem necessários. Faça um traçado pelo centro das pistas e use esse traçado como guia para colocação dos trilhos e fixação dos pregos. Faça testes com locomotivas e vagões para ver ser se as distancias entre trilhos e osbstáculos estão compatíveis. Use vagões, carros e locomotivas grandes para testar as distâncias de modo que, no pior caso possível tudo esteja dento do necessário. 
Existe um gabarito distribuído pela National Model Railroad Association www.nmra.org (NMRA - foto à esquerda) que serve para checar essas distâncias. Convém termos uma dessas ferramentas em mãos, mas na impossibilidade de termos, podemos fazer nossos próprios gabaritos.
O gabarito da NMRA ainda nos fornece diversas outras medidas, como distâncias entre rodeiros, espaçamento entre trilhos de um desvio, tamanho de flanges de rodeiros, até mesmo espaço dentro dos portais de túneis e muitas outras informações necessárias a quem pratica o ferromodelismo com alguma qualidade. Existe também um gabarito próprio para cada escala que queiramos praticar.
Na colocação dos trilhos, como é sabido por todos, devemos assentá-los sobre um leito de cortiça e, uma espessura aceitável para ele é de, no mínimo, 3 mm, podendo ser maior que isso, mas normalmente é desnecessário que assim o seja.
Diz uma das normas não escritas do Ferromodelismo que esse leito de cortiça deve ter as laterais inclinadas, mas eu não uso esse padrão. É muito difícil fazer esse corte de maneira uniforme, a não ser que o leito de cortiça seja comprado comercialmente, o que normalmente é caro. Prefiro fazê-lo eu mesmo e, para facilitar, corto as laterais de maneira perpendicular ao plano de apoio e da largura igual à largura dos dormentes e, até hoje esse método não me causou problemas.
Pregando os trilhos - Na ilustração acima podemos ver um método de fixação dos trilhos na maquete. Devemos utilizar um martelo pequeno, cuja cabeça penetre com folga entre os dois trilhos (um martelo vendido como para vidraceiro). Devemos usar um prego pequeno, sem cabeça (tipo aresta, usado para fixação de esquadria. Esse prego dito "sem cabeça" tem no seu topo um pequeno aumento no diâmetro que serve para fixá-lo). Esse pequeno aumento de volume é suficiente para penetrar no furo do trilho, fixando-o na base sem ficar com a cabeça aparente). Devemos tomar cuidado para não batermos sobre o dormente, afundando demais o prego para que o dormente não fique deformado (curvado para cima). Isso pode acarretar uma diminuição na bitola dos trilhos, o que vai prejudicar a circulação dos trens, acarretando descarrilamentos. O prego deve ser suficientemente comprido para penetrar o dormente, a base de cortiça e uma parte da base de compensado, sem, no entanto, necessitar transpassá-lo. Use todos os furos disponíveis nos dormentes para fixar os trilhos, principalmente nas curvas. Faça a inserção do prego sempre na vertical. Se o prego entortar, retire-o e refaça.
Soldagem dos fios alimentadores - Na ilustração acima temos, condensadas, algumas fases da instalação dos fios de alimentação para os trilhos.
Observação:
Quando falamos em fios, devemos distinguir entre a denominação técnica de FIOS e CABOS.
Fio é formado por apenas um condutor dentro do invólucro isolante e Cabo é formado por vários Fios condutores trançados entre si, dentro do invólucro isolante.
No nosso caso, devemos usar um cabo ou cabinho, pois normalmente eles são mais maleáveis e adequados para nosso uso. Um cabo de uma determinada espessura, por questões de física, conduz mais corrente que um fio dessa mesma espessura.
Com uma furadeira e uma broca apropriada, faça um furo entre dois dormentes, bem junto ao trilho e pelo lado de fora da linha, perfurando a cortiça e a base de compensado. Use uma broca com o diâmetro aproximado do calibre do cabinho que você estiver usando. O cabinho a ser usado não precisa ser de calibre muito grosso, pois a quantidade de corrente necessária para alimentar um trecho da maquete não é tão grande. No barramento de alimentação, dependendo da distância a ser percorrida desde a fonte de alimentação, pode-se usar um calibre maior, mas  normalmente isso não se faz necessário.
Feito os furos necessários, passe por eles as pontas dos cabos. Descasque a ponta dos cabos e enrrole os fios entre si de modo a ficarem bem juntos uns dos outros. Com o ferro de solda, esquente um pouco essa ponta descascada e aplique um pouco de solda (isso se chama "estanhar o fio"). A solda ajudará a manter os fios juntos e ajudará na soldagem deles aos trilhos. Dobre a ponta descascada e estanhada, formando dois "L", sendo o primeiro para um dos lados e o outro na horizontal de modo que ele possa ser encostado e apontado na direção dos trilhos.
Antes de fazer a soldagem no trilho, lembre-se que a solda não adere em metais sujos ou corroídos, então faça uma boa limpeza na região onde o cabo deverá ser soldado, de modo que o metal do trilho fique brilhando. O fio de solda também deve estar brilhando, sendo de preferência novo. Não use solda antiga e prefira fios de solda de pouca espessura (1 mm ou menos). Use solda para aplicações em eletrônica, com fluxo (pasta de solda) interno no fio de solda.
Encoste a ponta dobrada do cabinho na junção entre a alma e o patim do trilho e aproxime a ponta do ferro de solda, apoiando-o contra o trilho e o fio por alguns segundos e, em seguida, aplique o fio de solda no trilho (não no ferro de solda). Derreta a quantidade de solda necessária e suficiente, mantenha o cabinho encostado junto ao trilho e retire o fio de solda e o ferro de solda do local, mantendo o cabinho no lugar, sem se mexer, soprar ou encostar o dedo, pois ainda estará muito quente.
Assim procedendo, conseguiremos uma solda lisa, brilhante e extremamente aderida ao trilho e fio.
Pode parecer que precisaremos ter umas cinco mãos disponíveis para essa operação, mas com o treino ela pode ser feita sem problemas.
Um outro método de fazê-la é, depois de limpar a área a ser soldada, é aplicar um pouco de solda no trilho e depois juntar o fio e esquentar novamente a região até a solda aplicada derreter novamente e juntar-se ao fio. O risco de fazermos uma solda fria (com pouca aderência) nesse caso é maior, mas o processo é mais fácil de ser feito.
Devemos também procurar fazer essas ligações onde houver uma tala de junção, pois assim diminuiremos a quantidade de pontos de soldagem ao longo da linha.
Concluída a ligação dos cabinhos, devemos puxá-los para debaixo do tablado e fazermos suas ligações ao barramento de alimentação, sempre respeitando-se suas polaridades.
ATENÇÃO - Bastará apenas uma ligação com polaridade invertida para que todo o sistema não funcione e entre em curto circuito, portando, preste muita atenção à polaridade dessas ligações.
No nosso projeto não existem peras de reversão ou triângulos, portanto não temos que nos preocupar com esse quesito, mas quando houverem esses dispositivos em uma maquete, lembrem-se que esses dispositivos invertem mecanicamente a polaridade do trilho de retorno e sua ligação, sem determinados cuidados, criarão situações de curto circuito e mal funcionamento do sistema. Esses dispositivos requerem um capitulo especial quanto a sua ligação elétrica.
Nosso projeto descreve uma linha singela, onde não há travessões de passagem entre duas linhas independentes entre si.
No nosso caso, linhas paralelas entre si fazem parte de uma mesma linha, então não há necessidade de isolamento entre desvios ou conjunto de dois desvios (travessões). Sempre que um desvio der acesso a uma linha paralela, a linha considerada principal deverá ter conectada a ela os desvios que dão acesso à linha paralela e nessa linha secundária é que serão feitos os trechos isolados, se forem necessários.
Nos exemplos ao lado vemos essas situações. Na primeira foto, na linha no nível 110 cm da nossa maquete, a linha principal passa reto pelo desvio e este estará ligado a ela, com o isolamento feito na linha secundária (pátio de ultrapassagem).
No segundo caso, a linha principal tem uma sequência de desvios  que serão ligados diretamente a ela e os pátios terão os isolamentos feitos após a passagem pelos desvios. Nesse caso devemos proceder a alimentação nas interconexões entre os desvios para assegurar um bom funcionamento de todos eles.

Bem Amigos!
Por enquanto acredito que já haja bastante assunto para vocês seguirem. Continuaremos nesse nosso Blog abordando esse tema que é bastante longo e interessante.

Na próxima Postagem pretendo abordar o assunto Sinalização e, a seguir entraremos no tópico sobre Decoração.
Espero que tenham gostado.

Até a próxima postagem.

Saudações

J.Oscar