segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

QUE TAL TER UM CONTROLE WI-FI NA NOSSA MAQUETE DCC?

Olá Amigos!

Com o advento do sistema DCC uma série de facilidades nos foi disponibilizada e a adesão a essas facilidades foi total. Não se pode negar que há uma transição positiva entre o controle DC tradicional e o controle DCC, mas com toda tecnologia vem suas implicações e em muitos casos, adaptar-nos a ela é difícil, mas temos que seguir em frente e pelo menos curtir essas novas possibilidades.
Quem tem um controlador DCC tradicional sempre se deparou com a dificuldade que é ter um fio ligando o controle e mão (Throttle) a uma base perto da maquete. Por mais longo que seja esse ele sempre limitará a distância que poderemos chegar na maquete. 
Placas e Expansão MRC
Para contornar essa dificuldade, primeiramente criaram-se as estações remotas, placas de expansão, com conectores, distribuídas ao longo da maquete, onde o controlador de mão com seu cabo de ligação pode ser acoplado pelo usuário, de modo a se aproximar de uma região distante. No sistema DCC, depois que uma locomotiva/decoder recebe um comando, ela prosseguirá executando esse comando até que outro comando seja enviado então, podemos desligar o controlador da base e ligá-lo a uma dessas placas remotas sem que os trens deixem de funcionar e, a partir daí, volta-se novamente, a ter controle sobre os trens. Todos os fabricantes de controladores DCC fornecem essa opção, com mais ou menos sofisticação.
Com o tempo os fabricantes passaram a fornecer versões Wireless de seus controladores. O controle de mão, passou a ter uma ligação sem fio com a base, por meio de ondas de rádio, dispensando o uso de fios e cabos entre eles.
O cabo fornecido com o sistema Wireless serve mais para recarregar as baterias do controle de mão do que outra coisa, apesar de ainda poder funcionar conectado a base de controle.
Há quem pense que os comandos passam direto do controlador de mão para os decoders nas locomotivas, mas não, isso não acontece. O controle de mão, se comunica por ondas de rádio com a base do controlador e esta envia os comandos digitais por meio de fios ligados aos trilhos, como no sistema convencional com fio.
Todos os fabricantes mais conhecidos e tradicionais como a MRC, NCE, Digitraxx e Bachmann têm seu controle DCC Wireless, cada um mais ou menos sofisticados que o concorrente.
Existe um sistema tipo DCC em que a comunicação é dita ser feita diretamente entre o controle de mão e um módulo de rádio dentro da locomotiva. O módulo funciona como um decoder DCC, com todas as funções que se espera de um comando DCC e muitas outras utilidades próprias do sistema. 
O sistema se chama Rail Pro e é oferecido pela Ring Engineering (www.ringengineering.com/index.html) e parece ser bastante eficiente, de acordo com os vídeos de apresentação, mostrados no site do fabricante.  
Os fabricantes tradicionais de controladores DCC também oferecem acessórios para o seu controlador, como controles de mão avulsos, interfaces e placas de controles diversos. 
Você que tem um controlador DCC da MRC, pode comprar um controle de mão adicional com fio e ligá-lo a sua base e duas até três pessoas distintas podem controlar trens independentes na maquete, porém se com apenas um fio ligado à base já é incômodo operar um sistema DCC, imagine com dois ou mais fios ligados à mesma base. 
Para solucionar esse problema e a MRC lançou um adaptador Wireless para sua linha Prodige.

Kit de conversão Wireless
Por um preço mais em conta que um sistema totalmente Wireless você compra um controle de mão Wireless que vem com uma interface, que ligada a base MRC Prodige, permite um controle sem fio de sua maquete. A mesma interface permite que outros controladores de mão, também Wireless, funcionem com a mesma base. 
Esse controlador de mão, sem a interface, também é oferecido pela MRC, então, com uma mesma interface, vários controles de mão adicionais, podem ser usados com uma mesma base de controle.
Outros dois acessórios, também oferecidos pela MRC, são uma interface USB com fio e uma outra interface USB, sem fio, para ligarmos o nosso controlador DCC a um computador, o que nos permite uma série de novos recursos, como dois novos controladores (na tela do computador) que podem ser acessados baixando um programa direto da MRC e, por fim, para usarmos os recursos do JMRI que nos abrirá um leque ainda maior de possibilidades, como outros controles de mão adicionais no computador, ou a programação dos decoders direto pelo computador sem o uso da base e do controle de mão DCC.
O JMRI é um programa que nos permite interagir com os decoders sem necessidade de fazermos a programação deles com a base e o controle de mão do sistema. Através da tela do computador podemos calibrar, programar e modificar os parâmetros de um decoder.
É um programa livre e está disponível gratuitamente na Internet (http://jmri.sourceforge.net/) a quem se aventurar a trabalhar com ele.
Interfaces MRC com e sem fio
Minha experiência com o JMRI e o controlador MRC na calibração dos decoders, direto pelo computador, não foi muito proveitosa ainda, mas continuo estudando e testando o sistema para ver se consigo tirar dele todas as possibilidades que nos podem ser oferecidas. 
Mas existe uma facilidade que funcionou bastante bem comigo usando o JMRI e o MRC que é a possibilidade de controlar uma locomotiva usando o JMRI , o MRC e um telefone celular do tipo SmartPhone. 

MRC Wi-Fi
Usando um controlador DCC com uma interface USB, seja com fio ou sem fio, ligando-o ao seu computador e o JMRI, podemos controlar nossa locomotiva através de um telefone celular do tipo Smart Phone.
Seguindo as instruções que estão no JMRI para a sua marca de controlador DCC, um telefone celular e instalando-se um pequeno programa (que pode ser baixado gratuitamente na Play Store - Engine Driver (Android) ou AppStore - WiThrottle (IPhone)) podemos ter até três controladores Wireless pelo nosso celular , ou Tablet, controlando locomotivas em nossa maquete.
A primeira vista isso é bastante vantajoso, mas lembrem-se que ainda precisamos de um computador e uma interface USB que tem um custo e mesmo que seja relativamente mais baixo que um sistema DCC Wireless, ainda assim é um custo, sem contar o fato de que ainda precisaremos do computador para que o sistema funcione.
Porém, para os portadores do sistema MRC da linha Prodige, um novo acessório vem facilitar bastante a nossa vida.

MRC Wi-Fi

O que é isso?

O MRC Wi-Fi é um dispositivo que cria uma rede Wi-FI a partir de nosso controlador MRC Prodige que pode ser acessada pelo nosso telefone celular. 
A rede criada não dá acesso a Internet e não precisa nenhuma configuração adicional e só serve para ser usada pelo programa Engine Driver (Android) ou WiThrottle (IPhone). 
Basta conectar o dispositivo a uma das saídas do controlador MRC e ao ligá-lo, a rede é criada e está pronta para ser acessada pelo celular. Basta agora entrar na configuração de Wi-Fi do celular, localizar a rede MRCWi-Fi e conectar. Depois disso basta acessar o programa de controle Engine Driver (ou WiThrottle) e teremos até 3 controladores Wi-Fi pelo nosso celular. 
Depois disso, qualquer locomotiva DCC colocada na maquete será detectada pela rede e poderá ser controlada pelo telefone. Todos os botões de função (F0 a F28) estarão disponíveis para acesso, um controle deslizante de velocidade, teclas de seleção de direção (Forward e Reverse) e um botão de Parada de Emergência. 
A interface gráfica no telefone é totalmente reconfigurável, podendo-se usar um, dois ou três controladores no mesmo aparelho simultaneamente e ajustar valores de variáveis de configuração a interface, tais como a apresentação da velocidade em Porcetagem ou Steps, e vários outros parâmetros para um melhor entendimento.
Toda e qualquer modificação feita atravéz do JMRI se refletirá na tela do Engine Driver.
Por exemplo: Podemos reconfigurar os botões de função para que apresentem seus nomes em nosso idioma. Bell/Sino, Horn/Buzina e etc. Isso ficará gravado no decoder da locomotiva que for programada desse modo e ao acessarmos essa locomotiva, essas modificações se apresentarão também na tela do Engine Driver.
A segurança fica por conta de paradas automáticas se entrar uma ligação telefônica durante a operação e vários outros parâmetros. Pode-se usar até oito Smart Phones ou Tablets em uma mesma rede.
O acessório pode ser encontrado aqui no Brasil através da Brasil Hobbies (www.brasilhobbies.com.br) pelo custo de R$ 412,90 (392,25 a vista) ou pela Micromark (www.micromark.com) por US 79,95. Na Jim's Model Trains (www.jimsmodeltrains.com) está custando U$ 99,99 e na Model Train Stuff (http://www.modeltrainstuff.com) pelo custo de U$ 79,90.

Abaixo um vídeo mostrando como é simples usar o MRC WiFi em uma maquete.



Por enquanto é só, Amigos. Espero que tenha gostado dessa postagem e possam tirar proveito dela.

Até uma próxima vez.

J. Oscar

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

LEVANDO O HOBBY MUITO A SÉRIO

Olá Amigos!

Em 28/10/1997 faleceu um Grande Amigo. Seu nome era Itaí de Hollanda Cavalcante. 
Infelizmente foi eu a pessoa que descobriu seu falecimento e possivelmente a última pessoa  vê-lo vivo. Trabalhamos na maquete da sede da abpf (Cabine 3) aqui no Rio de Janeiro durante o sábado e no domingo anteriores e deixei-o em casa depois do trabalho, mas durante a semana seguinte, tentei várias vezes entrar em contato com ele pois fiquei preocupado com ele, por vários motivos. Como não consegui contata-lo, procurei sua atual companheira e fomos ao apartamento que ele ocupava no momento e quando conseguimos entrar, o encontramos já falecido, infelizmente!
O Itaí, apesar de seus vários problemas de saúde era um cara muito espirituoso e um Grande Modelista/Ferromodelista. 
Protético de profissão, usava seus conhecimentos profissionais para ajudá-lo no hobby, fazendo trabalhos primorosos no âmbito da confecção de modelos e detalhes ferroviários.
Nessa época, já havia uma grande discussão sobre escalas no ferromodelismo e sobre o conceito de "perfeitamente em escala" e graças a essa sua espirituosidade ele, em 1994, escreveu um artigo, muito bem humorado sobre o assunto, que foi publicado na Revista Centro Oeste nº 92 (1/12/1994) 
(http://vfco.brazilia.jor.br/ferreomodelismo.iniciar/serio.shtml) editado por seu "primo" e também nosso Grande Amigo, Flávio Roseiro Cavalcante (FRC).
Ontem, conversando com um Amigo, de repente me lembrei dele e mais tarde verifiquei que se aproximava a data do vigésimo aniversário de seu falecimento e em homenagem a ele e a nossa amizade, resolvi republicar seu artigo aqui neste nosso Blog. 

Aos que me seguem, espero que gostem.

LEVANDO O HOBBY MUITO A SÉRIO

Itaí Cavalcante
Centro-Oeste nº 92 - 1º-dez-1994
Estava eu tirando certa dúvida no dicionário, quando a curiosidade levou-me a pesquisar a palavra "modelismo":
"Reproduzir com exatidão, nos mínimos detalhes, em um determinado tamanho (escala)". 
Lembrei que sou um ferreomodelista, no mais puro significado da palavra. Então, perguntei-me:— Será que meus modelos estão realmente na escala?
Passei a mão no paquímetro, espessímetro, régua de cálculo, multi-teste digital, analógico, plantas do material rodante e da ferrovia modelada — enfim, tudo que me pudesse dar a certeza de o material ser realmente HO (1:87,085897), sem arredondar nada! Afinal, escala é escala.
Comecei pela maquete 1,50 x 2,10 metros, de grades com trilhos de latão, conferindo suas medidas de acordo com a ferrovia-protótipo.
Qual não foi a minha surpresa! Totalmente fora de escala, um verdadeiro absurdo. Me deu até taquicardia!
Passado o susto, recalculei tudo para iniciar nova maquete, e tratei de adquirir grades (Trilhos pré montados- NR) com trilhos "nickel-silver" — e isso, porque não encontrei trilhos de aço.
Minha maquete em escala começará na sala, pois a estação é um prédio majestoso, com suas devidas proporções.
Através da parede, abrirei uma passagem com um belo portal de túnel, devidamente modelado em pedra de mão.
Essa transição terá uma rampa em aclive de 1,5 grau, até chegar na altura do camiseiro do quarto e o espelho de parede.
Mais adiante, uma curva bem suave levará à oficina de reparo das locomotivas.
Entrando no armário embutido, a via principal sairá no quarto dos garotos.
Como existe uma janela, outra rampa deverá ser feita, com 2 graus.
Estou negociando um cantinho, com os garotos, para poder fazer um depósito de óleo e a caixa d'água — e isso tudo, numa altura que não atrapalhe os posters.
Senão, terei que fazer um desvio, e aí os custos subirão.
Tudo devidamente demarcado, a linha passará pelo banheiro.
Aí, haverá uma bela obra de arte: — Um pórtico, para não incomodar quem estiver usando.
Imagine uma bela composição, com uma G-22U tracionando 14 vagões fechados sobre esse pórtico em arco, e o som das rodas passando na junção dos trilhos. Dá para ficar com os olhos rasos d'água.
Entrando na cozinha, uma fábrica, ou uma refinaria de petróleo.
Se for fábrica, usarei o tampo do armário de madeira. Bem projetado, dá para colocar um armazém.
A refinaria, é claro que será em cima do exaustor. Vou aproveitar o vapor que sobe das panelas. Que realismo!
Da cozinha para a área de serviço, terei um pequeno problema: — O secador de roupa terá que mudar de lugar.
Não posso conceber a composição passando em meio a roupas penduradas.
Esta nova maquete terá somente linha singela. Não quero nada parecido com ferrovilandia, com linhas para todos os lados. Uma ferrovia bem simples, porém em escala!
Do material rodante, só 1/3 estava em escala. Quando não era a altura, era o comprimento. Os rodeiros, mais pareciam rodas de caminhão fora-de-estrada.
Como poderia compactuar com uma coisa dessas, sendo um modelista!? Agora, tudo que é meu está em escala.
Quanto tempo eu joguei fora, operando aquela maquete 1,50 x 2,10 metros, e assim mesmo, guardando-a em pé atrás do armário!
Quanta satisfação jogada fora, envelhecendo os vagões e locomotivas fora de escala! E a arte desperdiçada, com as obras de arte no tamanho errado!
Quanto olho arregalado jogado fora, diante da vitrine — mão no bolso, dinheiro curto etc. —, quando surgia um novo lançamento!
E que desperdício de tardes e noites, deitado no chão, só para ficar na altura da ferrovia, para ver a composição vindo na minha direção... — com aqueles monstruosos milímetros fora do lugar!

Pois bem, Amigos. Por enquanto é só. 

O Blog está meio parado, mas continuo pensando em assuntos para mantê-lo ativo, mas falta-me tempo suficiente para isso, mas persisto na intenção de continuar com meus artigos assim que me for possível.

Até uma próxima postagem!