terça-feira, 6 de outubro de 2020

A ESTÓRIA POR TRÁS DA FOTO

Olá Amigos!

E aqui estou, mais uma vez.

"Quem é vivo, sempre aparece". Mas duas vezes em tão pouco tempo! O que está acontecendo!?

A pandemia, por pior que isso seja, ainda está aí e vamos esperar que não seja por muito mais tempo e que a cada dia, o número de infectados comece a diminuir e por consequência, as mortes por causa da doença comecem também a cair. 
Enquanto isso não acontece, devemos fazer a nossa parte.
Quem puder, 
Fique Em Casa, junto com os seus. 
Use Máscara. É incomodo, dá agonia, não podemos respirar normalmente, mas é um jeito eficaz de contribuirmos e diminuirmos a contaminação.
Use-a Máscara corretamente, tapando o nariz, a boca e as laterais do rosto. 
Higienize Suas Mãos Constantemente, lavando-as demoradamente, limpando entre os dedos e dorso da mão e até pelo menos o meio dos braços. 
Use o Álcool Gel
Dê Ajuda a Um Amigo, quando, e se  for possível.
Tomando essas precauções, todos teremos mais saúde e um tempo que podemos usar para fazer algo que seja útil, para nós mesmos ou para a comunidade.

Agora vamos ao tema desse nosso Blog. A ESTÓRIA POR TRÁS DA FOTO

Nos tempos em que eu colecionava a revista Model Railroader, teve um articulista em várias reportagens chamado Ben King (um dos melhores ferromodelistas que eu já tive conhecimento), se não o maior.
O cara não satisfeito com as fotos que ele tomava com as câmeras fotográficas comerciais, projetou e construiu a sua própria câmera e com ela ele fazia fotos em 3D (conheci o cara na década de 70) e com largo campo de focagem da cena.
Explico: com uma câmera "reflex" comum (câmera das antigas bem mais cara, mas que ainda tinha defeitos - precisava-se saber fotografar e ter bons equipamentos para obter-se fotos com boa qualidade, principalmente de coisas pequenas e/ou de muito perto) se você focar o nariz de uma locomotiva HO, você terá o nariz da locomotiva em foco, mas a outra ponta da locomotiva estará, muito provavelmente, fora de foco. O Ben King já era preocupado com isso (não conseguir focalizar totalmente um cena) e criou sua própria câmera que minimizava ao máximo esses defeitos.
Suas fotos nas suas reportagens eram fenomenais. Não satisfeito com isso ele colocou o projeto da câmera em uma das suas reportagens na Model Railroader.
Pois bem, em uma outra reportagem de um trabalho seu, ele mostrou o projeto e a construção dessa estrutura, com mínimos detalhes e medidas precisas. Todas as peças que ele construiu para a estrutura estavam lá, detalhadas na reportagem.
Na edição seguinte da revista, choveram cartas para a edição, reclamando das medidas no projeto do Ben King. Ninguém entendia as medidas que ele usou no projeto, mesmo estando elas em polegadas, que é a unidade padrão de medida nos "eua".
O detalhe é que ele usou polegadas e suas frações em "décimos de polegadas" e não em oitavos, dezesseis avos, como seria normal para eles. Três polegada e meia, ele grafava como 3,5" e não como 3"1/2.
Os "eua" já haviam adotado, ou estavam para adotar as medidas em décimos de polegadas só que ninguém se interessava por isso, naquela época e, muito provavelmente ainda não se interessam, nos dias de hoje.
Vamos a minha estória da estrutura: Eu havia sofrido uma entorse do tornozelo, estava com a perna engessadda e não podia ficar muito tempo de pé, muito menos apoiar o pé no chão, tinha que ficar com o pé levantado ou apoiado em algum local.
O Encontro de Ferromodelismo no Museu do Trem do Rio de Janeiro se aproximava (sim, nós tínhamos um dos melhores encontros de ferromodelismo do Brasil) então eu resolvi fazer essa estrutura e colocá-la em um diorama para apresentar no concurso e tomei conta da mesa da sala por cerca de um mês para construir esse diorama.
Os tempos eram outros.
Podíamos comprar perfis plásticos da Evergreen na loja de Ferromodelismo da esquina. Podíamos comprar ferramentas, também. Tínhams a Hobbylandia no centro da cidade, a Train-Shop do Márzio Casagrande em Copacabana e tínhamos até uma loja de Ferromodelismo aqui em Jacarepaguá, a poucos minutos da minha residência. O dólar não estava no valor de hoje em dia.
Usei os perfis de estireno da Evergreen (www.evergreenscalemodels.com/) e varetas de madeira em várias medidas e toneladas de tubos de SuperBonder para fazer essa estrutura a tempo de participar do encontro.
Como eu adorei essa estrutura na reportagem do Ben King e tinha as medidas precisas do autor na reportagem e como não sou americano, pude entender perfeitamente as medidas que ele disponibilizava na reportagem, então passei a construção dela e do diorama.
O problema foi que eu caprichei demais e cometi alguns outros erros que me valeram alguns pontos na classificação.
Primeiro. Eu fiz a estrutura vazada, ou seja, com possibilidade de ver-se seu interior e apesar de tem detalhado o piso do chão nos dois andares, os juízes me tiraram pontos pois deveria ter colocado mais detalhes no interior. Segundo. As montanhas e o Relevo. Essa roda d'água era abastecida por um cano que vinha de uma fonte na montanha que havia atrás do prédio e isso não foi bem representado, por dois motivos. Foi minha primeira representação de uma montanha e a base do diorama media algo em torno de 40x40cm, então não havia espaço para fazer algo grandioso e perdi pontos por isso.
A construção da estrutura foi um dos meus melhores trabalhos. Pode não parecer n foto, mas as paredes não são simplesmente chapas de plástico, montadas em ângulos, formando a casa. Não, por dentro das paredes existe uma armação de varetas de madeira delimitando o
formato das janelas e portas e
por fora sim o clip board, esse estilo de madeira de cima apoiado sobre a madeira de baixo é uma chapa de estireno da Evergreen com essa textura. As janelas foram construídas peça por peça e o acabamento por fora da janela são filetes de estireno contadas em esquadria e coladas uma a uma para fazer o acabamento exterior da janela.
As escadas foram todas feitas a mão, a roda d'água também.
O telhado, para ter esse acabamento, foi feito com pedaços de estireno cortados e colados um a um.
As pedras dos alicerces da casa e do pedestal da roda d'água são varetas de madeira, esculpidas para formar os tijolos e as portas também foram feitas de filetes de estireno, colados um a um.
Eu dei um acabamento na obra geral de modo a que ela ficasse bem limpinha, como estivesse recém construída e a levei-a para o concurso.
No concurso eu fique em segundo lugar. Achei injusto, pois a obra vencedora, não estava nem de longe, melhor que a minha e realmente eu achei que não me deram o prêmio para que eu não ganhasse por mais um ano seguido, já que também ganhara nas edições anteriores do concurso. Eu fiquei muito aborrecido com esse fato e cheguei até a pensar em destruir o diorama, mas pensei melhor e deixei-o em casa guardado, até que decidisse o que fazer com ele.
No ano seguinte, consultei a organização do concurso e me disseram que eu poderia reapresentar o diorama, já que não havia sido premiado no ano anterior, mas eu queria modificar alguma coisa e então resolvi apresentar o diorama no estado em que se encontra a obra atualmente, ou seja, com degradação e um pouco destruído. Essa destruição foi estudada, pois não é só dar um soco no trabalho para que ele fique destruído corretamente.
Quebrei algumas ripas das paredes, os degraus da escada, retirei as portas e as deixei caídas, quebrei o guarda corpo da entrada do segundo andar e do outro lado da construção tem uma pequena plataforma de embarque com um telhado e eu deixei ele caído sobre a plataforma, mudei a pintura, apliquei algum envelhecimento e finalmente o reapresentei no concurso e desta vez, ganhei o primeiro lugar.
Ainda bem que não o havia destruído no anos anterior.

No ano de 2004, para o VIIIº Encontro de Ferromodelismo Frateschi em Ribeirão Preto, eu fiz este diorama em que usei essa mesma estrutura, como pode ser visto na foto acima.
Não lembro de ter sido premiado, mas lembro de que o diorama foi bem apreciado pelo público em geral.

Por enquanto é só, Amigos. 

Espero que tenham gostado e que o artigo acima possa lhes ser útil de alguma forma. 
As ideias aqui apresentadas são apenas a minha concepção de como podemos fazer uma estrutura mais realista para ser colocada na maquete.
Havendo alguma outra ideia a respeito de algum tópico, ou até mesmo erros sobre como abordei algum assunto, por favor escrevam-me diretamente (j.oscar03@terra.com.br) ou deixem seus comentários ao final do Blog.


Saudações


J.Oscar