quinta-feira, 30 de abril de 2015

30 DE ABRIL - DIA DO FERROVIÁRIO

Olá Amigos!

Hoje, dia 30 de Abril de 2015, comemoramos o
 
Dia do Ferroviário
 
Neste dia, em 1854, deu-se a inauguração da primeira ferrovia do Brasil, construída por
Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá.
Locomotiva Nº1, Baroneza, hoje preservada no Museu do Trem do Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro- RJ
A todos que se interessam por Ferrovias, Parabéns pelo nosso dia.

 Até a próxima postagem.
 
Saudações
 
J.Oscar

ACERTANDO A INSTALAÇÃO DE UM DECODER NA PRIMEIRA TENTATIVA

Olá Amigos!
Já falamos aqui bastante coisas sobre o Sistema DCC e os Decoders. Como eles são por fora, como eles atuam dentro das locomotivas e acessórios, como eles funcionam por dentro e como fazemos para que eles funcionem como queremos. Já falamos também sobre como fazemos para colocá-los dentro de nossas locomotivas, mas ainda não falamos como fazemos para que nessa instalação, eles funcionem bem na nossa primeira tentativa.
Sempre que se vai fazer uma coisa pela primeira vez, aparece certa agonia pelo desconhecido. Um pouco de suor nas mãos, um pouco de medo, medo de fazermos errado, medo de estragarmos o que estamos fazendo, medo de não dar certo, medo de termos prejuízo, mas a única maneira de pararmos de sentir isso é fazendo e, melhor ainda, acertando na primeira tentativa.
Um grande amigo, meu supervisor no início de minha carreira profissional, de vez em quando me perguntava: “Gato que nasce no forno é biscoito?”. Mesmo saindo do forno, um gato continua sendo um gato.  Ele também dizia: “É melhor errar acertando do que acertar errando!”, ou seja, é menos decepcionante errar fazendo a coisa da maneira correta do que acertar uma coisa na sorte, sem sabermos por que deu certo. Dar errado quando fazemos tudo certo, pode ser uma coisa do destino, uma contingência do momento, algo que fugiu do nosso controle sem que percebêssemos, então se repetirmos o trabalho ou a tarefa, muito provavelmente ela dará certo e, sempre que fizermos aquilo da mesma maneira, a probabilidade de dar certo é sempre grande.
Mas para que possamos eliminar ao máximo, qualquer possibilidade de erro, temos que nos munir previamente de tudo que possa ser necessário para o bom andamento da tarefa, sejam ferramentas, sejam materiais, sejam conhecimentos. Por isso, vamos falar de cada uma deles separadamente.
FERRAMENTAS
Chaves de Fenda ou Phillips - Vamos precisar de chaves de fenda, para desmontar as locomotivas. Podem ser necessários os dois tipos de chaves, a chave de fenda tradicional e/ou a chave de fenda Phillips. É interessante termos um jogo com chaves pequenas, dos dois tipos e de vários tamanhos.
Alicates e Pinças - Vamos precisar também de alicates e pinças. Alicate de corte, para cortar e descascar fios, alicates de bico e pinças para segurar e manipular peças. Convém ter pinças de ponta reta e de ponta curva (na hora de colocar um parafuso em uma caixinha de engates, elas serão muito úteis).
Ferro de Solda - Fio de Solda - Um ferro de solda de baixa potência (25/30 Watts é suficiente), para “estanhar” pontas de fios e soldá-los em seus lugares.
Alguém deve perguntar: “O que é estanhar a ponta de um fio?”
Eu explico. Quando se descasca um fio, os condutores que estava dentro deles tendem a ficar juntos, pois normalmente são torcidos entre si para isso, mas com o manuseio eles começam a soltar-se uns dos outros e por mais que os torçamos novamente, sempre fica um fiozinho para fora da torcida e, na escala em que trabalhamos, esse fiozinho que fica para fora, atrapalha bastante, pois sempre que queremos enfiá-lo em um buraco ele prende na lateral do buraco, atrapalhando a operação. Resolvemos isso estanhando a ponta do fio descascado. Como? Retira-se a capa plástica e dá-se uma torcidinha na ponta, ajudando aos condutores a ficarem mais juntos ainda. Com o ferro de solda, esquentamos essa ponta descascada e juntamos um pouco de solda neles. Com a solda esfriando eles ficarão colados uns nos outros. Não faça uma pelota, basta um pouquinho de solda para que eles fiquem juntos e, com a esspessura ainda suficientemente fina, para que entrem com facilidade, em qualquer lugar que queiramos colocá-los. Descascando o fio com um pouco mais de comprimento, depois de estanhado, podemos cortá-lo na medida certa para a operação que precisamos fazer, sem perigo de desfazer o formato da ponta. Estanhar a ponta do fio também ajuda na hora da soldagem, pois a solda aderida aos fios anteriormente, transmite muito melhor o calor para o fio e diminui o tempo necessário para que ele atinja a temperatura de soldagem.
Sobre o fio de solda, o que podemos falar? - O fio de solda também é importante. Existem várias composições de fios de solda e cada uma delas e específica para uma finalidade. No nosso caso precisamos de uma solda de alta qualidade, com uma liga que tenha mais estanho que chumbo (63% de estanho e 37% de chumbo). Um fio de solda para ser usado em eletrônica, um fio fino (1mm de espessura ou menor) para não necessitar de muito calor para derreter e com fluxo interno, para não haver necessidade do uso de pasta de solda (muitos preferem usa-la, mas eu não recomendo, pois o fio que devemos usar já vem com a pasta de solda em seu interior). Uma solda bem feita deve ser brilhante e lisa, sem pelotas ou pontas salientes.
Multímetro - (Amperímetro, Voltímetro e Medidor de Resistências) é bastante necessário, para medirmos a corrente de trabalho do motor, tensão nas saídas de acessórios e circuitos e o valor de resistores. O aparelho, em cada função tem escalas diversas e devemos escolher a mais adequada à medição que vamos realizar. Também o uso das pontas de prova tem que ser adequado ao tipo de medição que estamos fazendo. Para medirmos uma tensão existente em um ponto, basta colocarmos as pontas junto aos locais onde faremos à medida que ele nos dará a tensão que existe entre aqueles dois pontos. Para medirmos um resistor, convém que ele esteja desligado do circuito, pois, se não, não estaremos medindo o resistor e sim a resistência de todo o circuito associado ao ponto de medição. Para medições de tensão e resistência, dizemos que as pontas de prova e o multímetro devem estar em “PARALELO” com o circuito. Para medição de corrente, o aparelho de medição deverá estar posicionado em “SÉRIE” com o circuito, ou seja, a corrente que passa pelo circuito deve passar também pelo medidor para que seja lida corretamente. Abre-se o circuito a ser verificado e liga-se cada uma das pontas de teste nos dois pontos onde o circuito foi aberto e assim se faz a medida do valor da corrente.
Uso do Multímetro em medição de Corrente, Tensão e Resistência
A escala de medição deve ser adequada ao valor que vamos medir, pois se forem excessivos podemos queimar fusíveis de proteção internos do aparelho e assim, danificá-los. Nos Multímetros modernos, eletrônicos e digitais, o sinal de polaridade será indicado no visor de medição e cabe a nós interpretá-lo como deve, mas nos aparelhos analógicos o ponteiro do medidor, se as pontas de prova forem colocadas invertidas, se deslocará para o lado de fora da escala, então basta invertermos as pontas de prova que a medida será lida com precisão. Se ultrapassar a escala, nos dois tipos de aparelhos, basta recalibrar o range de medição até que uma leitura válida seja obtida.

MATERIAIS
 
Fios e Cabos – Alguns vão perguntar: “Qual a diferença?” Respondo. Fio é quando há apenas um condutor dentro do invólucro e Cabo é quando há vários condutores dentro do invólucro. Fio é sempre mais rígido e o Cabo sempre mais flexível que um fio. Um Cabo de mesmo calibre que um Fio conduz mais corrente que este. No nosso caso, preferimos o uso de Cabos ou Cabinhos com calibres entre 22 e 30 AWG. São Cabos bem fininhos e flexíveis que atendem bem às nossas necessidades de condução de corrente e flexibilidade.
 
Código de Cores para identificação de valores de resistores.
Resistores – Não devemos falar resistências, pois a resistência se refere ao efeito que os resistores produzem na condução da eletricidade, que é de se opor a passagem da corrente elétrica. Vamos precisar de resistores para limitar as correntes nas saídas de acessórios de nossos decoders, quando, por exemplo, instalamos LEDs em lugar de lâmpadas em nossas locomotivas. Decoders têm saídas de tensão mais alta (13,5V aproximadamente) para faróis (Lâmpadas ou LEDs), mas muitos já possuem saídas próprias para lâmpadas de 1,5V (tipo “grão de arroz”.). Ao usarmos lâmpadas normais para nossos faróis, não será necessário o uso de resistores, mas quando usamos LEDs ou as lâmpadas de 1,5v é necessário que usemos os resistores para: Nos LEDs, limitarmos as correntes que passam por eles, que se forem muito altas, irá danificá-los irremediavelmente. Nas lâmpadas de 1,5V, devemos limitar a tensão que cairá sobre elas, que não pode passar do seu valor nominal (1,5V) sob o risco de queimá-las também. Não aconselho o uso de resistores com lâmpadas de 1,5V, pois é muito complicado saber exatamente como calcular o seu valor. Só use lâmpadas de 1,5v se o decoder já tiver saídas específicas para seu uso, que não necessita de resistores. Os resistores e circuitos necessários já estão dentro dos decoders. Nas lâmpadas normais, não necessitamos deles também, então seu uso estará limitado para quando formos usar LEDs.
 
LED. – Light Emmiting Diodes – Diodos Emissores de Luz – O que são eles, para que servem e como usá-los? LEDs são semicondutores feitos de silício (antigamente os semicondutores eram de silício ou de germânio, mas hoje os de silício são dominantes) que emitem luz quando polarizados corretamente. LED não é como uma lâmpada, onde um filamento metálico é aquecido e brilha, emitindo luz. A luz do LED vem do nível atômico do cristal que o forma, quando elétrons de seus componentes mudam de órbitas dentro dos átomos emitindo energia em forma de luz (visível ou não). Existem LEDs que emitem “Luz Infravermelho” e LEDs que emitem “Luz visível” e são esses que usamos. A luz verde, amarela ou vermelha de um LED não é por causa do seu invólucro nessas cores, tanto que existem LEDs com invólucros transparentes e que ainda assim, emitem luzes nessas cores.
Antigamente não existiam os LEDs azuis e os LEDs brancos, mas hoje eles existem e são um pouco diferentes dos mais antigos. Antigamente um LED de silício trabalhava com tensão de 0,6V e mesmo que aplicássemos a eles mais tensão do que esse valor, eles continuavam trabalhando apenas com 0,6V. O problema é que até 0,6V não passa corrente por dentro de um LED, mas acima disso ele se comporta como se fosse um curto circuito, deixando passar por si, tudo que for possível, só que seu cristal não resiste a correntes muito altas e ele só consegue trabalhar com correntes dentro de determinados limites e por isso que temos que usar resistores para limitarmos as correntes que irão passar por eles. Os LEDs de alto brilho, fabricados atualmente trabalham com tensões maiores e temos que saber suas especificações para calcularmos os resistores adequados ao seu funcionamento. Se mantivermos essas correntes em valores baixos, entorno de 10 a 30mA (mili-amperes), eles funcionam com bastante brilho e sem perigo de serem danificados.
Fitas isolantes - Fitas de isolamento elétrico são necessárias para isolarmos fios, circuitos e peças. O motor de uma locomotiva usando DCC deve ser completamente isolado do seu chassis ou dos pontos que captam energia dos trilhos, o que normalmente, em locomotivas analógicas (DC), tem um dos pontos conectado ao chassis, seja na captação, seja na ligação direta com um dos polos do motor. O corpo do decoder, seus componentes e os componentes a ele associados não devem, de maneira nenhuma, fazer contato elétrico com essas partes.
 
Da esquerda para a direita temos a Fita Isolante, Fita Dupla Face, Super Cola e Espaguete Termo Retrátil
 
Fitas de colagem dupla face – muito usada para fixarmos os decoders a seus suportes e vice-versa.
Colas – Podemos usá-las para confecção de suportes para o decoder e os autofalantes, se for o caso.
Espaguete Termo Retrátil – É imensa a quantidade de conexões que podem existir quando se faz a conversão de uma locomotiva ou a montagem de um decoder dentro dela. Fios diversos, ligações entre lâmpadas e fios, diodos e resistores e etc. Um ótimo meio de manter tudo isso isolado e com segurança é usarmos o espaguete termo-retrátil.
O que é isso? É um tubo de material plástico que pode receber em seu interior, emendas de fios, ligações entre fios, LEDs e resistores e, depois da ligação feita e testada, pode ser aquecido com o ferro de soldar e ele encolhe em sua espessura, armazenando dentro de si a ligação feita, isolando-a completamente do resto do circuito. Pode ser comprado a metro em lojas de eletrônica e existem em diversas espessuras e cores (a mais comum é preto).
 
Pois bem, falamos de Ferramentas, falamos de Materiais e ainda falta falar sobre Conhecimentos.
Conhecimento sobre Ferramentas, falamos na descrição de cada uma delas e sobre os Materiais, também. Então nos resta obter conhecimento sobre o ponto principal dessa nossa explanação, o Decoder propriamente dito.
 
O QUE É UM DECODER?
 
Uma vez me contaram uma piada sobre um “fanho” que teria ido a uma farmácia comprar “uma fainha”. Por mais que os farmacêuticos se esforçassem para entender o que era uma fainha, ninguém conseguiu decifrar o que o fanho queria, mas, então lembraram-se que em um botequim próximo, havia um garçom que também era fanho, que já havia trabalhado na farmácia e que talvez, fanho com fanho, se entendessem e assim o fizeram. Chamaram o garçom e este com sua voz típica perguntou ao fanho o que ele queria e o fanho respondeu. O garçom então foi a um local, pegou o medicamento, entregou ao fanho, recebeu o pagamento e este, satisfeito, foi embora. Os farmacêuticos, então exultantes com a ideia que tiveram, foram até o garçom e perguntaram - O que o fanho queria?
E o garçom respondeu de pronto. Ora, uma fainha!!!!
 
Então, voltando à nossa pergunta, O que é um Decoder? Alguns podem responder que um Decoder é um Decoder!? Mas essa resposta não nos satisfaz, é claro. Vamos ver se esclarecemos melhor essa questão.
Decoder Soundtraxx com som para uso geral.
O som pode ser especificado para reproduzir o
som do  motor que está na Locomotiva.
Um Decoder DCC é um circuito que faz a comunicação entre a Estação de Controle DCC e os dispositivos que queremos usar dentro de uma locomotiva, como velocidade do motor, direção da locomotiva, sons diversos, efeitos sonoros diversos e hoje temos sendo colocados neles mais algumas funções, como os efeitos de fumaça para locomotivas diesel e a vapor, tudo isso enviados de um local para o outro, através dos trilhos, por pacotes de sinais digitais, previamente estabelecidos.
Basicamente temos dentro de um decoder, um microprocessador que faz a comunicação e a interpretação dos sinais enviados pela estação de controle DCC e depois de “decodificar” esses sinais, os envia a diversos circuitos de saída que vão controlar as funções que os fabricantes colocaram dentro deles e que queremos ou precisamos usar. Longe de ser apenas um “leva e trás”, um circuito que liga ou desliga alguns botões eletrônicos miniaturizados, os decoders modernos nos permitem “conversar” com eles e dizer a eles como nós queremos que essas funções nos sejam apresentadas.
Já vimos em postagens anteriores que os decoders nos são apresentados em diversos formatos físicos, fabricantes e complexidade e resta-nos saber agora o que queremos colocar na nossa locomotiva para sabermos qual decoder escolher.
Muitos decoders são plug & play, ou seja, servem diretamente em um tipo e modelo de locomotiva e fabricante, outros são “multi-purpose”, são de uso genérico ou de uso dedicado a um tipo de locomotiva, mas para qualquer um que fabricar aquele modelo.
Uma gama imensa de fabricantes nos apresentam diversas linhas de decoders para uma gama imensa de modelos ferroviários. Um mesmo tipo de decoder pode nos ser apresentado em diversos formatos, seja para colocação direta em um modelo de locomotiva, de determinado fabricante, seja para montagem em locomotivas de determinado modelo, feitos por fabricante diversos, então temos que saber com que modelo de locomotiva iremos trabalhar e então irmos ao sites dos fabricantes de decoders para saber se eles têm um decoder específico para aquela locomotiva daquele fabricante. Não havendo essa opção, vamos pesquisar que fabricante tem um decoder que se adapte àquele tipo de locomotiva, sem importar de que fabricante ela se originou.
Digamos que queremos converter uma locomotiva SD 40-2 fabricada pela Athearn, modelo antigo (caixa azul). Pelo que eu saiba, não existe um decoder que se adapte diretamente a esse tipo específico de modelo, então temos que procurar um que possa ser colocado nela atendendo as características que nós queremos colocar.
 
Locomotiva SD 40-2 RFFSA/MRS (foto obtida na Internet)
 
Motor EMD 645 E4
Vai ter o som do motor nessa conversão? Sim. - Que motor é usado na SD 40-2? EMD 16 cilindros 645 E3. - Quero colocar faróis dianteiros e traseiros, Ditch Lights e iluminação da cabine? - Quero usar lâmpadas comuns, lâmpadas de 1,5V, ou quero usar LEDs? - O protótipo que quero reproduzir usa uma buzina de cinco cornetas fabricada pela Nathan, dentre os efeitos sonoros deste decoder, tem essa buzina? São perguntas que um iniciante no Ferromodelismo talvez não fizesse, mas quem disse que um Ferromodelista já experiente também é experiente também em DCC? Todos têm sua primeira vez. Então independente do grau de experiência de cada um, uma pesquisa deverá ser feita para que achemos o decoder que iremos usar em nossa primeira conversão e para que ela dê certo, informação sobre o que queremos fazer é primordial, mesmo que já sejamos experientes em uma parte do processo.
MRC Decoder DR.
Diz o bom senso que devemos testar o decoder antes de usá-lo, afinal de contas, se depois de instalado o decoder não funcionar a contento, onde estará o defeito. No decoder, na instalação?
Existem testadores de decoders comerciais, mas nós aqui e principalmente os menos experientes não saberíamos ainda usá-los, mas podemos ter uma “bancadinha de testes”, com um motor de locomotiva e algumas lâmpadas de teste e ligações por clipes para que possamos fazer um teste nos decoders. Eu confesso que nunca fiz isso, nem tenho um testador de decoders, mas também posso dizer que depois de uma instalação, o resultado não foi o que eu esperava e tive que refazer todo o processo em um modelo diferente para enfim constatar que o decoder não era o problema e este era causado por rodas sujas na locomotiva anterior, coisa que não pensei que aconteceria pois a locomotiva funcionava perfeitamente no sistema analógico (DC), mas com DCC e, principalmente com DCC e som, as coisas são um pouco mais complexas e todo cuidado é pouco.
Pulseira anti-estática
Uma coisa que temos que levar em conta, que depende da região em que estamos, é que sendo um circuito eletrônico, com componentes miniaturizados, de grande sensibilidade, eles podem ser afetados por eletricidade estática. Em lugares de baixa umidade do ar, e com um ambiente propício (tapetes de lã e solados de borracha), podemos acumular eletricidade estática (tensões muito altas armazenadas em nossos corpos sem que sintamos seus efeitos) e, ao tocarmos em um decoder, podemos danificá-lo com isso. Convém que tomemos medidas quanto a isso sempre que formos manusear um decoder, tocando primeiramente em uma superfície metálica ou usar uma pulseira anti-estática quando formos manuseá-lo ou iniciar nossa conversão.
Devemos planejar nosso trabalho. Não podemos nos dar a luxo de ao fazermos uma coisa para depois vermos o resultado que deu e, instalar um decoder, não é uma dessas coisas. Antes de começarmos a instalação devemos programar onde vai cada fio, onde o decoder ficará posicionado, se há espaço suficiente para que ele fique ali e assim por diante. Em decoders com som, os fabricantes acrescentam um capacitor ao circuito que serve para ajudar no problema que descrevi no parágrafo anterior sobre as rodas sujas da locomotiva. Ele armazena um pouco da energia de alimentação para que falhas por mau contato entre as rodas e os trilhos não façam o decoder parar de funcionar. Quanto ao motor isso não é muito necessário, mas para sons, qualquer ausência de alimentação pode fazer o circuito responsável pelo efeito parar de funcionar e esse capacitor supre essa falha até determinados níveis. Pois bem, esse capacitor apesar de minimizado ao máximo para a sua função, ainda assim ocupa certo espaço e não temos muito disso dentro do corpo de um modelo ferroviário e achar um lugar para ele deve ser bem estudado.
Auto-falante redondo com Baffle
Auto-falante retangular com Baffle
Outro componente crucial é o auto-falante. Quanto maior, melhor, mas novamente não temos espaço para colocarmos um sub-woofer (autofalante para frequências baixas, tons predominantes em sons ferroviários) dentro de nosso modelo e, por isso nossos auto-falantes são mínimos. Existem ainda um efeito físico indesejável em auto-falantes que é o fato de que o que ele empurra pela frente ele puxa por traz e um efeito anula o outro. Para que um alto-falante funcione a contento, temos que usar o chamado “Baffle” que é um anteparo na sua traseira que isola esse efeito nocivo que acontece com ele. Novamente isso ocupa espaço e como dispor esse espaço, extremamente necessário, deve ser muito bem estudado. Quando no sistema DC, o espaço interno de algumas locomotivas é bastante generoso, mas quando as convertemos para o sistema DCC convém verificar se o decoder e seus acessórios cabem no espaço que restou. Normalmente o decoder cabe, mas encontrar um local para o auto-falante e o capacitor (decoders com som) em locomotivas com espaço reduzido dá algum trabalho e exige bastante planejamento.  
Lembre-se também que no decoder tem componentes que trabalham com correntes elevadas, como o motor, por exemplo, e correntes elevadas significam potências elevadas e isso se traduz em calor ou componentes mais quentes que o normal. Lâmpadas acesas também esquentam um pouco e mantê-las perto de superfícies de plástico, pode com o tempo fazer com que essas superfícies se deformem, portanto, cuidado com esses componentes, perto de superfícies plásticas.
Temos que trabalhar lenta e cuidadosamente. Não adianta correr para ver logo o resultado, pois nesse caso, ele pode não ser o que você estava esperando. Ter paciência é crítico. Muitas vezes é necessário que partes da carcaça sejam removidas (retirar a cabine para instalação de lâmpadas), muitas vezes temos que remover partes do chassis, para acomodar o auto-falante no fundo do chassis, no tanque de combustível, por exemplo. Temos que tomar cuidado com as partes de plástico ao usarmos o ferro de solda para fazermos uma conexão, uma solda de fio ou encolhermos um espaguete termo sensível.
Em uma locomotiva para o sistema analógico (DC), em muitos casos o chassis é uma conexão elétrica importante. Nas locomotivas da Athearn, por exemplo, podemos dizer que o terminal negativo da captação de energia é o chassis. O outro polo de captação de energia é uma barra metálica que se liga ao outro captador do rodeiro, com o motor e a lâmpada do farol. Nas Bachmann mais antigas o chassis era dividido lateralmente em duas metades. Todos os demais componentes como motor, lâmpadas e até o gerador de fumaça de alguns modelos a vapor eram ligados entre essas duas partes do chassis. Com as Frateschi já não acontece a mesma coisa. Já que elas têm chassis de plástico, não tem como usar o mesmo sistema da Bachmann e da Athearn, mas quando chegamos à placa de circuito impresso, ou aquela montagem com arames sobre o motor,  um dos fios de alimentação pode ser usado como comum e todos os circuitos podem ser ligados nele, o que no “frigir dos ovos”, funciona do mesmo jeito.
Estrutura Interna de um Decoder DCC
No DCC isso não pode acontecer de maneira nenhuma. Todo o sistema de comunicação e controle, interno e externo do decoder, podemos dizer que flutua entre os dois pontos de alimentação do decoder e tudo, a partir daí, deve ser alimentado com dois fios sem mais nenhum contato com os fios de alimentação. Podemos ter um fio comum a várias funções, como por exemplo, a alimentação de lâmpadas e LEDs, mas mesmo esse fio, comum a essas funções, seja de 13,5V, seja de 1,5V, sai de um circuito isolado do circuito de alimentação geral do decoder. O motor deve ser eletricamente desligado do chassis, alimentado por dois fios totalmente separados do sistema de alimentação do decoder. Em locomotivas antigas como as Athearn e as Bachmann, como citadas no exemplo, muito cuidado com esse isolamento deverá ser tomado. Ligações de LEDs, lâmpadas, resistores e emendas de fios devem ser totalmente isoladas com espaguete e/ou fita isolante. Os motores que na Athearn e nas Bachmann são referenciados ao chassis têm que ter esse contato desfeito e isolado eletricamente dele.
Nas locomotivas de fabricação mais recente, principalmente aquelas em que há a indicação de “DCC Ready”, essa preocupação já foi tomada pelo fabricante (mas vale a pena verificar) e normalmente basta fazer e instalação do decoder sem se preocupar com mais detalhes, já que essa ligação já está configurada internamente na placa de circuitos que vêm associada a essa disponibilidade de já ser uma locomotiva preparada para o sistema DCC.

Testando como você se saiu. Depois de pronta a instalação é hora de verificar se tudo correu como deveria ser. Os primeiros pontos a serem testados se referem a ligação dos fios de alimentação do decoder e do motor. Verifique com o multímetro se todos os fios dessa sessão estão indo onde deveriam ir. Em um artigo publicado na revista Model Railroader o autor diz que ele prefere fazer esses teste na linha de programação usando para isso a leitura do endereço inicial do decoder que tem por padrão o valor 03. A linha de programação tem uma limitação de corrente em relação a linha principal e se houver algum erro, a possibilidade de danificar o decoder na linha principal é maior que na linha de programação. Estando tudo certo, aproveite a oportunidade e já faça a mudança de endereço para o número da locomotiva, com o endereço longo. Os testes de luzes e sons, se for o caso, devem ser feito na linha principal. Estando satisfeito com os resultados é hora de remontar a locomotiva e fazer novos testes de funcionamento. Verifique se nada está atrapalhando o movimento normal dela em curvas e rampas ou ruídos diferentes que possam ser caudados por fios ou componentes encostando-se a partes móveis.
Instalações de decoders podem parecer assustadoras inicialmente e, em alguns casos são realmente, mas não é necessário ter medo de tentar fazê-la nós mesmos. Se não tiver confiança para um trabalho mais complexo, tente usar um decoder “Plug & Play”, peça ajuda a um amigo, mas sempre tente. Faça o dever de casa, informe-se de tudo que deve ser feito de modo que o trabalho dê certo da primeira vez e assim sendo, tenha confiança para fazer novamente e, se possível, com mais complexidade na próxima tentativa.
Então, Amigos.

Espero que essa nova postagem tenha sido útil de algum modo.
Até a próxima Postagem
Saudações
J.Oscar