terça-feira, 14 de abril de 2015

PADRÕES, DECODERS, MONTAGENS, CVs - O QUE ELES PODEM FAZER POR NÓS OU O QUE PODEMOS FAZER COM ELES - Parte 02


Olá Amigos!
 
Na postagem anterior falamos do aspecto físico dos decoders, suas variações e facilidades de instalação nas nossas transformações e conversões. Com o decoder instalado dentro da nossa locomotiva, começa uma parte bastante interessante da conversão que é ajustar o decoder para que nossos modelos fiquem o mais parecidos possível com uma locomotiva real, operando na ferrovia de nossa preferência. Do mesmo modo que ao adaptarmos um modelo comercial de uma locomotiva para uma nova pintura e representação de modelos reais, podemos parar em qualquer momento que queiramos e ninguém pode dizer que nosso trabalho está bom ou ruim, pois é assim que queremos ficar e isso depende somente da nossa vontade, mas isso não quer dizer que se seguíssemos adiante, não ficaria melhor.
Comprar um modelo comercial e colocá-lo para rodar em nossa maquete sem mais nada, pode ser o auge para alguns, mas não precisa ser assim. Existem muitas outras fases do Ferromodelismo que podemos fazer, mas alguns de nós não queremos prosseguir, não achamos necessário, não temos como custear esse prosseguimento ou não sabemos como fazê-lo.
Com o DCC acontece a mesma coisa. Para muitos já basta ter a locomotiva com seus efeitos de luz e som de fábrica, funcionando e rodando na maquete. Do mesmo modo que na parte de modelagem física da locomotiva, podemos como alguns gostam de falar, “customizá-la” para representar uma locomotiva que vimos em nossas andanças pelos trilhos do Brasil ou por fotos de lugares que não estivemos, no DCC podemos mudar os parâmetros que vêm de fábrica para adequá-la a um modelo mais perto do real, ou de uma realidade que queremos obter.
Ao colocarmos um decoder novo em uma locomotiva, não importa de que marca ou qualidade, ele virá com alguns parâmetros em comum com todos os outros que já foram fabricados até então. O principal deles é o endereço padrão Nº 03.
Por que 03? Confesso que não sei, mas imagino que, não importando qual seja, era necessário que viesse com um endereço inicial e que todos soubessem de antemão qual seria, sem precisar procurar no manual do decoder qual endereço o fabricante escolheu para aquele decoder. Poderia ser o ano da fundação da companhia, poderia ser o mês do ano em que nasceu a filha do fundador, poderia ser qualquer um, mas sempre haveria necessidade de consultar alguma coisa para saber qual é e assim, com um número padrão para todos, é fácil descobrir qual seria e o Nº 03 foi escolhido.
Então, fica estabelecido que todo decoder novo, comprado em qualquer lugar do mundo, que seja homologado pela NMRA, (possivelmente com os demais, também seja assim) virá com o endereço padrão Nº 03 e pronto para funcionar normalmente, mesmo que não façamos nada mais, a não ser instalá-lo na nossa locomotiva.
Se assim o quisermos, depois disso teremos que fazer nossa locomotiva funcionar e verificar o que precisará ser mudado para que ela trabalhe com mais qualidade ou realismo. Um dos pontos que mais vão influenciar essa parte é o motor. Cada locomotiva tem um motor, fabricado por uma companhia diferente, com três ou cinco polos, com ou sem volantes de inércia, com correntes de trabalho que variam até entre os mesmos modelos, portanto características intrínsecas do motor e que variam muito e teremos que adaptar o nosso decoder a trabalhar da melhor maneira possível com essas características.
Para sabermos se essas condições permitirão que ela funcione com qualidade, devemos por nossa locomotiva para funcionar e observarmos seu desempenho. Estando tudo normal ou não, é conveniente que entremos na programação do decoder para estudarmos qual são os parâmetros que estão selecionados para ela funcionar. Devemos anotar esses dados para, se necessário, voltarmos a eles em momento futuro. Eu venho fazendo assim com minas locomotivas modificadas e deixando essas anotações guardadas junto com toda documentação que tenha sido usada durante a sua conversão.
Ao colocarmos nossa locomotiva em uma linha e entrarmos no modo de programação, o nosso equipamento de controle DCC, pelo menos o que uso normalmente, que é o MRC Prodige Advanced, mas acredito que os demais sejam assim também, irá nos direcionar imediatamente para a mudança de endereço (Address). Em seguida outros parâmetros nos serão apresentados como Taxa de aceleração (ACC - Aceleration Rate), Taxa de desaceleração (DEC - Deceleration Rate - Momentum), Tensão de partida (SV - Starting Voltage), Tensão máxima (TV – Top Voltage) e, em seguida nos dará acesso aos CVs. Aí começam as maiores dúvidas. Todos os parâmetros citados acima têm seu numero de CV e mudá-los significa que estamos mudando os seus valores, mas como eles são apresentados com seus nomes, parece que ainda não entramos na programação de CVs propriamente dita, mas já estaremos mudando-os, se fizermos alguma modificação nos seus valores.
Mas o que será um CV? Para que eles servem? Quais valores devo colocar neles? Em quais devo mexer? Se eu colocar um valor errado estrago o decoder? Por que devo mexer em alguns deles? São perguntas que certamente vão aparecer em nossas mentes e as respostas só poderão ser entendidas a partir do instante que entendermos o que é um CV.
Fazendo uma analogia com o nosso computador pessoal, para entrarmos no Facebook, por exemplo, temos que dar instruções ao computador para que ele nos direcione à nossa página. Temos que entrar com o endereço do Facebook, temos que nos identificar para ele, temos que colocar nossa senha, e por aí vai até chegarmos onde queremos, para falar com nossos amigos, colocar nossas fotos e vídeos, dar nossas opiniões sobre os assuntos em destaque, ou seja, interagir com a nossa comunidade.
Com o DCC e os decoders é mais ou menos assim que funciona. Temos que dizer para eles o que queremos que ele faça e até mesmo como ele vai fazer isso. Para isso ele tem que interagir conosco e essa interação se dá através da nossa Estação de Controle e da programação dos CVs.
É praticamente uma linguagem que, para quem fabrica e para quem usa, seja tal que todos possam se entender e qual será o resultado final que um dispositivo nos retornará, não importando de que marca ele seja e onde tenha sido fabricado.
Essa linguagem é o CV (Configuration Variables, ou Variáveis de Configuração).

Se acessarmos o site da NMRA (www.nmra.org) e acessarmos a aba STANDARDS & RECOMMENDED PRACTICES (NORMAS ou PADRÕES RECOMENDADOS) e formos à sessão S-9.2.2 http://nmra.org/sites/default/files/standards/sandrp/pdf/s-9.2.2_decoder_cvs_2012.07.pdf chegaremos à sessão denominada DCC Configurations Variables e teremos acesso, dentre outras coisas, a uma tabela com todos os CVs disponíveis dentro de um Decoder.
Se olharmos essa tabela com atenção, veremos que há cerca de um mil e vinte e quatro (1024) CVs disponíveis, mas que somente 256 CVs estão disponíveis hoje. O manual da MRC faz menção ao CV 513 para a programação de Decoders de Acessórios, mas esse CV se encontra em uma região reservada para uso futuro na Lista da NMRA e, de minha parte, algum estudo sobre esse assunto ainda precisa ser feito, portanto siga as instruções do manual se, por acaso, for necessário entrar nessa fase. Vou me informar sobre esse assunto e, quando possível podemos colocar um texto sobre o assunto.
Os CVs de números 257 a 891 estão reservados para a NMRA para uso futuro. Os CVs 892 a 895 estão disponíveis, são opcionais mas não encontrei explicações para eles e os de Nº 892 a 1024, estão disponíveis, mas associados a uma norma TN-9.2.3 que também não consegui saber a que se refere.
Muitos deles estão assinalados com amarelo, muitos são de uso restrito da NMRA e outros são liberados para os fabricantes.
Nessa tabela, também podemos ver que alguns desses CVs são Obrigatórios (Mandatory (M), outros são Recomendáveis (Recommended (R) e outros são Opcionais (Optional (O). Segundo a própria descrição da Norma, os CVs marcados como Obrigatórios devem ser implementados para que aquele produto ou Decoder possa ser tido como obedecendo às normas ou homologado pela NMRA, os CVs marcados como Recomendados são fortemente encorajados a serem implementados, mas não são Obrigatórios e os marcados como Opcionais, ficam a cargo dos fabricantes se serão implementados ou não, ou de que modo eles serão usados.
Então, é por isso que cada Decoder, de cada fabricante vem com o seu próprio manual e cada fabricante determina de que modo, determinado número de CV é usado e para o que é usado. Os CVs são opção do fabricante, como também, o que será feito com eles.
Se você que agora lê essa postagem estiver seguindo este meu Blog verá que na postagem do dia 07/04/2015 coloquei uma lista de termos usados no sistema DCC com os quais devemos estar familiarizados para que possamos entender como tudo funciona. Nessa postagem falamos sobre Bits e Bytes.
Um CV tem um Byte de comprimento. Um Byte e formado por oito Bits, (oito bits – oito posições onde colocamos dados ditos “Binários”, como “0” e “1”). Com dados colocados nesses oito Bits, ou seja, colocando-se zeros (0) e uns (1) nessas posições temos 256 possibilidades de combiná-los, ou seja, pode-se contar de 0 a 255 unidades.
Qual a importância que tem os CVs? Total, podemos dizer com certeza.
Os CVs são tão importantes que, através deles, podemos inclusive mudar as respostas aos botões de funções de nossa Estação de Comando.
Quando ligamos nossos controladores DCC estes se comunicam com o Decoder através de Comandos Digitais, através dos trilhos com os decoders. A comunicação da estação de controle como decoder se dá por dados padronizados pela NMRA chamados de Pacotes (Packets). Esses pacotes “falam” com o decoder e neste, acionam programas que vão desempenhar as funções que determinamos no nosso controlador. Botões de funções, estabelecimento de Consists, ligar o Relógio Rápido, ligar a função de Programação dos CVs, estabelecer a quantidade de passos a serem usados para variar a velocidade das locomotivas (14, 28, 128 passos) e todas as demais funções do nosso controlador DCC são estabelecidas de antemão pela NMRA. Para sabermos o que faz qualquer comando dentro do controlador, precisamos ler o manual do fabricante do nosso controlador e entendermos e saber como e para quê acionamos qualquer dos botões disponíveis.
A ilustração mostra o controle de mão do MRC Prodige Advance
e o que faz cada botão disponível. 
Os botões que se comunicam mais diretamente com o decoder são os botões de funções, F1 a F0, diretamente mostrados no controle de mão e os que são acionados com o acionamento de dois botões, como F10, F11, etc. Também tem o botão de direção da locomotiva e o de parada emergencial que ao ser acionado faz com que todo o sistema pare de funcionar, mas em alguns decoders, acionam alguns efeitos interessantes, como por exemplo, acionar o programa de desligamento do som do motor em alguns decoders, simulando o desligamento da locomotiva.

Observem que sempre que se aciona um botão no controlador de mão, uma luzinha pisca na estação de controle. Isso significa que o controlador DCC está se comunicando, mandando informações ao decoder. Não é como simplesmente ligarmos o interruptor da luz da nossa sala, que só liga o fio fase da instalação elétrica da nossa casa, com a lâmpada que está no teto da casa já preparada para receber essa conexão. É uma comunicação mais ou menos do tipo: “Alô Decoder! Preste atenção! O Ferromodelista está querendo acionar o farol da locomotiva, verifique quais são as variáveis programadas dentro de sua memória (CVs) e acione o farol de acordo com o que está programado nela”.
Prezados Amigos. Essa nova postagem está novamente ficando longa demais para ser publicada em uma só postagem. Portanto, vou colocar esta como sendo a parte dois do assunto e continuar preparando a outra (ou outras partes) desse mesmo assunto, que se mostra bastante interessante de escrever e, espero que seja interessante para vocês lerem e que possam usá-lo em suas experiências com o DCC.
Até a próxima postagem!
Saudações
J.Oscar

Um comentário:

  1. Muito bom este seu artigo, estamos aguardando outras matérias. KNA

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